Refluxo gastroesofágico

Refluxo gastroesofágico

Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é doença do ácido no lugar errado. Decorre de consequências do refluxo (da volta) de parte do conteúdo gástrico para o esôfago. Todos nós podemos ser acometido pelo refluxo gastroesofágico. O que distingue é o fato dele ser um refluxo fisiológico ou patológico.

Quando ele acontece em alguns raros episódios e tem curta duração denominamos refluxo fisiológico . É o que ocorre, por exemplo, com os bebês, que regurgitam após mamar . Não causa desconforto e, neste caso, o refluxo se dá apenas por ainda não terem o sistema digestório totalmente desenvolvido. Normalmente quando completam um ano de idade, livram-se do problema. Leia artigo complementar: Recém-nascido que regurgita muito ou vomita com frequência pode estar doente .

Porém, quando este refluxo proporciona sintomas (queixas) e/ou lesões da mucosa que reveste a parte interna do esôfago, chamamos de refluxo patológico ou DRGE (Doença do Refluxo GastroEsofágico).

Compreende-se facilmente a ocorrência de refluxo do estômago para o esôfago ao se considerar que o tórax (peito) tem pressão negativa e o abdome (barriga) pressão positiva. Caso não houvesse uma barreira entre as duas regiões, o tórax funcionaria como um aspirador (transferiria o conteúdo gástrico para o esôfago). O que minimiza a inversão deste fluxo é uma barreira existente entre os dois órgãos (barreira gastroesofágica). Todavia, quando essa barreira falha com mais frequência, o refluxo passa a ser patológico . A barreira é constituída, principalmente, por musculatura mais desenvolvida na porção terminal do esôfago (válvula ou esfíncter esofágico inferior- EEI) e pelo diafragma. Ambas as estruturas atuam sinergicamente - veja a ilustração.

Esta barreira pode falhar devido a incontinência do esfíncter esofágico inferior (cai o tônus ou diminui a pressão dessa região) e/ou quando ocorre hérnia de hiato . Entretanto, quando ocorre esta falha, existem os mecanismos compensadores. Apenas no caso destes mecanismos não conseguirem manter o equilíbrio, ocorre o refluxo.

Na doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), podem haver sintomas e/ou lesões. A maioria dos pacientes tem queixas, mas sem as alterações da mucosa e sem a hérnia. A principal queixa é azia, ou queimação no epigástrio (boca do estômago) e/ou na região retroesternal (atrás do osso esterno, localizado na face anterior do tórax). Também pode haver arroto, regurgitação e/ou empachamento pós-prandial (barriga estufada após comer).

A azia se manifesta principalmente, após as refeições, especialmente com ingestão de alimentos gordurosos, condimentados ou excessivamente doces. Fumo, café, chocolate, álcool, comidas gordurosas, alimentos apimentados, frutas cítricas, cebola, tomate, bebidas em excesso, deitar com estômago cheio, usar roupa apertada, medicamentos como anti-inflamatório e anticoncepcional, são importantes desencadeantes. Certos condições também aumentam a ocorrência de refluxo, como obesidade, gravidez, constipação, flatulência, estresse, hipotireoidismo, entre outros.

Algumas pessoas têm a doença do refluxo e não sentem azia, apenas manifestações atípicas. Dentre elas podemos citar:

Dor torácica, muito semelhante à dor da angina ou infarto do miocárdio ;

Asma ;

Dor de garganta ;

Tosse noturna seca ;

Mau hálito ;

• Rouquidão;

• Pigarro;

Sensação de “bolo que sobe e desce” ;

• Afta;

Cáries.

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Segundo o Prof. Dr. Luiz Chehter, autor do capítulo de gastroenterologia do livro Medicina, Mitos e Verdades (Carla Leonel), é importante o diagnóstico e o tratamento correto do refluxo com a mudança de estilo de vida e uso de bloqueadores da secreção ácida. Excepcionalmente o tratamento pode ser cirúrgico ou endoscópico.

A importância do diagnóstico e tratamento, além de livrar o paciente dos incômodos causados pela doença, é evitar uma série de complicações tais como lesões da mucosa evoluindo para uma esofagite (inflamação da mucosa do esôfago, com erosões e/ou úlceras, com ou sem hemorragia). Leia também: alergia alimentar e esofagite eosinofílica

Com a esofagite, pode ocorrer estreitamento do esôfago e, com isso, o paciente passa a ter dificuldades para engolir (disfagia). Não bastasse isso, pode desencadear uma das mais graves complicações, o esôfago de Barrett, em que a mucosa do esôfago se modifica, tornando possível a transformação em câncer (em poucos casos).

Exames que seu médico pode pedir para o diagnóstico do refluxo gastroesofágico:

• Manometria e pHmetria esofágicas: coloca-se um pequeno tubo flexível através do nariz em direção ao esôfago e estômago, com o objetivo de medir as pressões e a função do esôfago além do grau do refluxo de ácido. É indicado em alguns casos, principalmente, naqueles com má resposta ao tratamento, e em pacientes que apresentam as manifestações atípicas citadas na matéria.

• Esofagograma com bário ou Seriografia Esôfago-Estômago-Duodeno: radiografias realizadas com contraste para delinear a anatomia do trato digestório superior. Ajuda na busca de outros possíveis diagnósticos, além da DRGE.

Endoscopia: realizado com sedação, neste exame um tubo flexível com iluminação e uma microcâmara na ponta é introduzido pela boca do paciente em direção ao estômago. Verifica-se eventuais lesões, como por exemplo, a esofagite.

Dica para pessoas que sofrem com refluxo: eleve a cabeceira da cama

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Azia e Indigestão: causas, sintomas e tratamento

Conteúdo do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel) - Editora CIP. Capítulo de Gastroenterologia.