Causas e sintomas da esofagite
Esofagite é uma inflamação da mucosa do esôfago, ou seja, da camada que reveste a parte interna do esôfago. As causas mais comuns da esofagite são:
• Incontinência do esfíncter inferior do esôfago: os esfíncteres são uma espécie de válvula que abre para a descida dos alimentos da boca para o esôfago e deste para o estômago, fechando-se após sua passagem (veja ilustração);
• Hérnia de hiato: é o alargamento do orifício do diafragma por onde passa o esôfago. Quando ocorre um enfraquecimento desse músculo do diafragma uma parte do estômago se desloca em direção ao esôfago. Com isso, o esfíncter inferior do esôfago não consegue se manter fechado e se abre independente da presença de alimentos. Com o esfíncter relaxado, a bile e o ácido clorídrico, volta do duodeno para o estômago e em seguida para o esôfago. Esses elementos são corrosivos para a mucosa do esôfago, provocando assim a esofagite.
• Defeito do clareamento do esôfago: é a limpeza promovida pelos movimentos peristálticos do esôfago que levam os alimentos para o estômago. Em virtude de inflamação do mesmo ou de outras alterações, esses movimentos diminuem ou aparecem, até mesmo em sentido contrário, propiciando maior tempo de contato dos alimentos ou de substâncias que refluem com a mucosa esofagiana.
As causas mais comuns de hérnia de hiato, diminuição do clareamento do esôfago e incompetência do esfíncter inferior do esôfago são:
• Obesidade: provocando aumento da pressão intra-abdominal;
• Multíparas (várias gestações) que, também, podem ter por consequência o aumento da pressão intra-abdominal;
• Doenças sistêmicas tais como esclerodermia e, também, alguns casos de cólon irritável com dispepsia não ulcerosa, tipo refluxo, entre outras;
• Idade acima de 50 anos: há um aumento da incidência de hérnia de hiato por diminuição do tônus da musculatura lisa e estriada.
O principal sintoma da esofagite com incontinência do esfíncter inferior do esôfago é, sem dúvida, a azia (queimação) no estômago e atrás do esterno (osso que temos na frente e no meio do tórax). A azia no epigástrio se manifesta, principalmente, após a alimentação, pois aumentam os movimentos peristálticos do estômago propiciando maior refluxo para o esôfago.
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Deve-se evitar os alimentos muito condimentados ou gordurosos, massa de tomate, chocolates, frituras e álcool, que contribuem para o aparecimento da azia, ou fazem com que ela piore. O fumo também é prejudicial, pois a nicotina do cigarro provoca a diminuição da secreção da saliva que é rica em bicarbonato e que tem a finalidade de neutralizar o ácido clorídrico do estômago.
Outro sintoma importante da esofagite é a dor retroesternal, ou seja, atrás do esterno - osso que temos na frente e no meio do tórax, muito semelhante à dor e localização da angina . Os doentes com esse sintoma podem procurar o cardiologista e acabam por se submeter a um eletrocardiograma. Se o resultado for normal, é importante solicitar uma esofagogastroduodenoscopia para verificar a ocorrência de hérnia ou esofagite.
O ato de engolir pílulas a seco (sem água ou qualquer outro líquido) é uma das causas mais comuns de agravamento da esofagite ou, até mesmo, do aparecimento da mesma. Muitas vezes, surgem ulcerações que provocam hemorragia, sendo esta uma das complicações das esofagites.
O doente com hérnia de hiato ou qualquer outra patologia com incompetência do esfíncter inferior do esôfago deve ter os seguintes cuidados para impedir ou diminuir o refluxo do estômago para o esôfago:
• Evitar roupas e cintos apertados;
• Evitar fletir o corpo para frente;
• Levantar a cabeceira da cama de 10 a 15 centímetros;
• Evitar se deitar com o estômago cheio;
• Evitar bebidas gasosas e arrotos forçados - o indivíduo que força o arroto engole mais ar do que elimina (clique no link azul e leia o artigo completo);
• Evitar excessos durante as refeições.
A esofagite não tratada pode levar a uma estenose (estreitamento) do esôfago e, com isso, o indivíduo não consegue engolir e engasga. Nesse caso, o tratamento consiste em fazer dilatação ou até mesmo operar.
Uma das mais graves complicações das esofagites é o aparecimento do "esôfago de Barrett" - lesão junto ao esfíncter inferior do esôfago (músculo que ao relaxar-se e contrair-se regula o trânsito de conteúdos do esôfago para o estômago), consequente da ação lesiva do ácido clorídrico, provocando uma modificação do tecido normal do esôfago. Se não for tratado, transforma-se, em pequena porcentagem, em câncer de esôfago.
Conteúdo do livro MEDICINA - MITOS & VERDADES (Carla Leonel ) Capítulo de gastroenterologia. Médico responsável Prof. Dr. Luiz Chehter.
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