Meu filho chega sempre doente da escola! É normal?

Meu filho chega sempre doente da escola! É normal?

Seu filho começou a frequentar a escola ou creche, e agora vive doente? Saiba o porquê e como funciona o sistema imunológico das crianças e entenda a importância da vacinação.

Todos nós temos dois tipos de sistema de defesa: o inato e o adaptativo. O inato é aquele que já nasce com a gente, o que evita a morte enquanto o sistema imunológico adaptativo se desenvolve. Por isso, mesmo os bebês alimentados com o leite materno, não estão imunes a contrair infecções, apesar de terem uma carga maior de anticorpos e enzimas o que confere melhor proteção.

O sistema imunológico adaptativo, como o nome já diz, necessita de tempo para que se fortaleça e a cada contato com vírus e germes, é que surge os anticorpos contra eles. E é assim que as crianças estimulam seu sistema de defesa, pela proximidade com uma enorme variedade de partículas através do contato com pessoas, animais, poeiras etc. Você já reparou que as crianças que são criadas mais soltas e colocam tudo na boca, ficam menos doentes do que aquelas com excesso de cuidados? Está aí a resposta.

Já quando começam a frequentar a escola, as gripes e resfriados se tornam mais frequentes e isso não significa nenhuma anormalidade. Você sabia que as crianças, mesmo sendo tão pequenas, são as maiores transmissores dos vírus da gripe? Isso porque elas possuem uma carga viral muito mais elevada que a do próprio adulto. Isso mesmo! Mais alta!

A explicação está justamente em seus poucos anos de vida, que não permitiu o contato com o Influenza com a mesma frequência que a dos adultos. Desta forma, os vírus além de serem mais fortes, o corpo ainda não conseguiu criar imunidade suficiente para debatê-lo. Além disso, as crianças são muito mais ativas, o que representa, alto risco de transmissão.

Por outro lado, são as crianças que melhor respondem a vacina da gripe tornando de fundamental importância a vacinação rotineira em crianças dos 6 meses aos 5 anos. Por serem um "reservatório de vírus" essa medida ajuda a proteger os idosos que, pela idade avançada, tem o sistema imune fraco e mais complicações decorrentes da gripe.

Diante deste cenário, se todas as crianças forem vacinadas, a circulação do vírus será menor e, consequentemente, irá existir menos morte na população idosa por decorrência das complicações da gripe. Mas atenção: a vacinação não é indicada para pessoa com relatos de choque anafilático à proteína de ovo de galinha.

Crianças mesmo saudáveis, também morrem em decorrência de complicações da gripe

A taxa de hospitalização em crianças menores de cinco anos são tão elevadas quando às comparadas ao grupo de idosos. Para piorar, enquanto nos idosos as complicações e mortes ocorre em pessoas portadoras de doenças já existentes e agravadas pela Influenza, nas crianças menores de 5 anos hospitalizadas, as mortes alcançam taxas assustadoras na ordem de 50% de óbitos no grupo de crianças previamente saudáveis e, principalmente, menores de 2 anos. Leia o artigo complementar: Os riscos da gripe em crianças: complicações podem levar à morte

Vale deixar claro, que diferente dos idosos e do grupo de risco que apresentam uma deficiência no sistema imunológico, no caso das crianças ele apenas está em formação, o que não representa qualquer tipo de problema com o sistema imune, e sim, a imaturidade de defesa, própria dos primeiros anos de vida, o que explica a ocorrência de morte por complicações da gripe nesta faixa etária tão nova.

Até os 6 anos , as crianças apresentam, em média, de 4 a 8 infecções por ano , incluindo, dor de ouvido, garganta, alergias, etc, sendo que no primeiro ano de vida escolar, esse número pode se elevar até 12 infecções ao ano. Por isso, é típico e absolutamente previsível, nesta fase de vida, o nariz sempre escorrendo, por exemplo.

A partir dos 6 anos, as crianças já apresentam uma melhora na imunidade e as infecções não são mais tão frequentes. Porém, o sistema imune apenas se equipara do adulto na adolescência. A suspeita de deficiência imunológica em crianças pequenas só deve ser considerada quando as infecções duram muito tempo, se complicam, tornam-se bacterianas com frequência, superando a média de três ao ano.

Veja artigo relacionado:
Amamentação durante a gripe materna: o bebê pega gripe?
Incubação e transmissão do vírus da gripe: o ciclo da doença
Diferença entre gripe e resfriado
Dor de garganta em bebês e crianças
Amigdalite de repetição: devo operar meu filho?
Estou gripado de novo e tomei a vacina Influenza. Ela não fez efeito?

Conteúdo Exclusivo do site Medicina Mitos e Verdades. Categoria de infectologia: Prof. Dr. Vicente Amato Neto e Dra. Rosana Richtmann
Pediatra: Dr. Cláudio Schvartsman