Por que algumas mulheres tem cheiro forte na vagina?

Uma dúvida muito frequente do público feminino refere-se à higiene íntima, já que o odor da vagina varia entre as mulheres e muitas se sentem incomodadas por terem um cheiro mais forte. Tal como a impressão digital, o cheiro de cada pessoa difere entre si. Também, nem sempre aquilo que algumas consideram mau cheiro está relacionado a algum tipo de problema. Uma série de fatores influencia no “perfume” natural de todas as partes do corpo, e com a vagina não seria diferente. As secreções normais e fisiológicas que protegem a vagina, em conjunto com os resíduos de células da renovação celular e a atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas, faz com que cada vagina tenha um odor característico e particular. Outras condições como o sangue menstrual, variação hormonal, uso de medicamentos (principalmente antibióticos e imunossupressores), alimentação, estresse, quantidade de pelos, sudorese, obesidade, existência de doenças crônicas, e até mesmo a frequência sexual ou a variação de parceiros também podem alterar o odor, tornando-o mais intenso.

Além desses fatores, o cheiro forte próprio de algumas mulheres ou mesmo a alteração do odor em outras, sofrem influências do pH da região íntima e da composição das bactérias da flora vaginal, reconhecidos como importantes mecanismos de defesa e fundamental para a saúde do órgão genital. Por isso, manter o pH da vagina equilibrado já é um bom começo para neutralizar os odores que possam incomodar, como também oferecer proteção contra as infecções. O pH considerado saudável é o ácido, e varia de 3,8 a 4,2. É neste ambiente que vivem os lactobacilos chamados de Bacilos de Doderlein e outras bactérias produtoras de ácido lático, responsáveis por manter a flora microbiana vaginal protegida e saudável.

O pH mais alcalino (acima de 5) intensifica o odor vaginal e predispõem ao ataque das bactérias, causa das vaginoses (Gardnerella vaginalis, tricomoníase etc) que também produzem mau cheiro e corrimento.

Já as mulheres com o pH abaixo do desejável, ficam sujeitas ao crescimento dos fungos, causa da candidíase, o que gera intensa coceira e corrimento branco.

Existe no mercado, uma infinidade de produtos que regulam o pH e ajudam neutralizar ou diminuir os odores genitais, o que também permite prevenir as infecções. Porém, devem ser usados de forma correta, pois o excesso de limpeza pode comprometer a defesa natural da região genital, piorando os odores, além de provocar irritação e a própria infecção que se tentou evitar.

Dicas para neutralizar os odores e fazer a higiene íntima corretamente

Sabonetes: evite sabonetes comuns ou bactericidas que tendem a ser mais alcalinos. Prefira os sabonetes neutros ou os líquidos formulados especialmente para manter o pH da vagina equilibrado. Lave os pelos pubianos, virilha, além dos pequenos e grandes lábios. O acúmulo de secreções nesta região pode ser desde imperceptível ou apresentar-se na cor branca, e deve ser igualmente removida e limpa. A mucosa interna não deve ser higienizada. Ela é autolimpante, ou seja, higieniza-se sozinha.

Lenços umedecidos: é uma boa aposta para a higiene durante o período menstrual já que a presença do sangue pode alterar o pH vaginal. Nos dias normais, use em situações de emergência, como substituição do papel higiênico áspero de banheiros públicos ou para manter a higiene após um dia de trabalho na impossibilidade de fazer a higiene da vagina em água corrente. Não exagere no uso. Lembre-se, o excesso de limpeza é tão prejudicial quanto à falta.

Os lenços umedecidos também podem ser utilizados para a limpeza anal após a evacuação fora de casa. Isto evita que possíveis restos de fezes fiquem na calcinha e entre em contato com a vagina, uma das causas de infecções e mau cheiro. A limpeza deve ser sempre feita da frente (no sentido da vagina) para trás (em direção ao ânus) para não colocar as fezes em contato com a vagina.

Ducha vaginal: algumas mulheres recorrem à ducha vaginal para a limpeza íntima de restos de sangue, sêmen ou corrimento. Quem tem por hábito fazer lavagem vaginal tende a ter mais corrimento e infecções, já que a ducha altera o pH e remove os micro-organismos que protegem a vagina. Duchas vaginais só devem ser utilizadas com indicação médica.

Absorventes: internos ou externos, troque com frequência durante o período menstrual para evitar o mau cheiro e a proliferação de bactérias.

Absorventes diários: é uma medida preventiva para casos de corrimento e pequenos escapes de urina. Nessa situação troque o absorvente a cada 4 horas se necessário, ou antes, caso perceba-o sujo. Algumas mulheres usam absorventes diariamente para evitar o contato da vagina com a calcinha devido a processos alérgicos. Verifique se o sabão utilizado na lavagem de roupas íntimas é a causa de irritação ou esteja motivando algum desequilíbrio no pH vaginal. Não utilize absorventes internos (colocados dentro da vagina) fora do período menstrual. Lembre-se, a vagina produz secreções que precisam ter uma via de eliminação, e não de bloqueio.

Roupa íntima: use calcinhas de algodão eevite as de tecido sintético. Caso utilize-as, proteja-se com o absorvente diário. Da mesma forma que as roupas sintéticas favorecem o mau odor nas axilas liberando cheiro de suor, as calcinhas sintéticas podem alterar o odor da vagina. Calças justas também abafam a região podendo comprometer a ventilação vaginal, intensificando o cheiro ruim. Como medida preventiva, à noite, durma sem calcinha para a vagina poder ventilar e “respirar”.

Depilação: Nem 8 nem 80. Os pelos protegem a região genital de irritações e infecções, por isso, evite a depilação completa. O excesso, porém, produz suor o que favorece a proliferação de fungos e bactérias. Mantenha-os aparados.

Em caso de coceira, uma dica caseira que você pode tentar para alívio imediato é misturar uma colher de sopa de bicarbonato para cada copo de água. Aplique na vagina com o auxílio da ducha higiênica.

Para neutralizar o mau odor até que consiga a consulta médica, faça um banho de assento na proporção de um copo de vinagre para cada dois litros de água.

A dica de ouro: a principal regra para manter sua vagina sempre limpa e cheirosa não é o excesso de higiene, e sim os cuidados adequados com os produtos certos.

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