É perigoso operar as amígdalas?

É perigoso operar as amígdalas?

Muitas pessoas tem dúvidas quanto a cirurgia para a retirada das amígdalas já que elas fazem parte do sistema de defesa da mucosa respiratória. Conheça os MITOS E AS VERDADES desta cirurgia.

O que são as amígdalas e qual a sua função?

As amígdalas são aglomerados de tecido linfoide, e pertencem ao nosso sistema de defesa impedindo as infecções da mucosa respiratória e do aparelho digestório (digestivo). Elas possuem o formato de duas massas ovais localizadas em ambos os lados da garganta e devem ser encaradas como um gânglio ou, mais corretamente, linfonodos. Como todos os linfonodos do nosso organismo, elas participam da ação imunológica local e interagem com os elementos agressores, produzindo e armazenando anticorpos.

É perigoso operar as amígdalas? Elas não fazem falta ao nosso sistema de defesa?

Algumas observações são importantes em relação as amígdalas:

• Embora as amígdalas desempenhem importante papel na imunidade local, elas não são fundamentais, pois não são as únicas estruturas capacitadas para a defesa nessa região. Toda a mucosa pode também exercer o mesmo papel;

• As amígdalas apenas podem exercer suas funções em defesa do sistema respiratório se suas estruturas estiverem preservadas. Se o órgão sofreu vários processos de agressão, como infecções de repetição ou abscessos (pus acumulado), há uma substituição do tecido normal por fibrose (cicatriz) com consequente diminuição de sua capacidade de funcionar normalmente. Nessas circunstâncias, as amígdalas estão presentes, mas não exercem nenhuma atividade positiva, podendo ser extraídas.

• Segundo a Fundação Otorrinolaringologia, não há evidências de que as amígdalas são importantes após os 3 anos de idade. Estudos com milhares de crianças que fizeram cirurgias de amígdalas mostraram que as mesmas sofreram menos infecções em geral do que crianças que não foram operadas, poisas amígdalas passam a se tornar focos de infecção que agridem e debilitam o organismo.

Quais as causas das amigdalites? E como tratar?

As amigdalites podem ser virais, bacterianas, mistas ou causadas por fungos e o tratamento depende destes diagnósticos.

• Amigdalite viral: normalmente provoca aumento dos gânglios perto da orelha e pescoço (semelhante a mononucleose ). São tratadas com analgésicos e anti-inflamatórios.

• Amigdalite bacteriana: percebe-se placas de pus e as amígdalas costumam ficar mais inchadas (ver ilustração). O tratamento é à base de antibiótico e não deve ser interrompido mesmo com a melhora dos sintomas pois, como qualquer doença bacteriana, corre-se o risco da bactéria permanecer no organismo e trazer complicações como escarlatina, glomerunefrite e a febre reumática. A infecção de garganta que pode produzir estas doenças é causada por uma bactéria denominada estreptococo beta hemolítico do grupo A de Lancefield, desencadeada por uma resposta prolongada do sistema imune, gerada, inicialmente, contra um agente infeccioso. Esta classificação da bactéria foi feita por uma bacteriologista chamada Rebecca Lancefield. O que se supõe é que a constituição das proteínas do estreptococo se "parece" com algumas proteínas da articulação e do coração. A criança com uma determinada constituição genética, ao produzir anticorpos contra o estreptococos, tem as juntas e, em alguns casos, até mesmo o coração atacados, no caso da febre reumática, doença predominantemente infantil, com o maior número de casos ocorrendo entre 5 e 15 anos de idade.

Outra causa que deve ser investigada em pessoas que tenham crises de amigdalite com frequência é a ocorrência de refluxo gastroesofágico. O retorno do conteúdo ácido do estômago para o esôfago chega até a laringe atingindo as amígdalas.

Quando é indicado operar as amígdalas?

Em relação a cirurgia para a remoção das amígdalas, pode-se dizer que hoje em dia existem duas indicações principais:

Crises de infecção de repetição (amigdalite crônica): quando se repetem mais de quatro vezes ao ano. Como já citamos acima, nestas circunstâncias, elas já não exercem mais nenhuma atividade positiva e podem trazer as complicações descritas.

Apneia obstrutiva: interrupção da respiração por aumento das amígdalas e/ou adenoides, observada principalmente durante o sono. Apneia significa interrupção da respiração, neste caso, provocada por amígdalas muito aumentadas. Especialmente em crianças, as amígdalas podem adquirir um tamanho muito grande, levando à obstrução da faringe e início da laringe, principalmente durante o sono, produzindo uma respiração ruidosa (ronco) com períodos de verdadeira parada respiratória. Esse é um quadro de relativa gravidade que pode, a longo prazo, causar sobrecarga cardiopulmonar, sonolência diurna, diminuição do rendimento escolar e baixo desenvolvimento pondero estatural (peso e altura).

Curiosidade: Muito recentemente foi descoberto que o transtorno obsessivo-compulsivo pode estar relacionado a causas genéticas e/ou infecciosas. Entre as causas infecciosas foi descrito que as amigdalites de repetição em crianças podem estar associadas a sintomas obsessivo-compulsivo (TOC).

Conteúdo do livro MEDICINA - MITOS & VERDADES (Carla Leonel ) Capítulo de otorrinolaringologia. Médico responsável Prof. Dr. Oswaldo Laércio M. Cruz. Perguntas e respostas em diversas especialidades médicas com os maiores nomes da medicina do Brasil.

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