Câncer de mama é grave e pode matar

Câncer de mama é grave e pode matar

O câncer de mama é muito grave e pode levar à morte. Por isso, o diagnóstico precoce é o primeiro e mais importante passo para a cura, que fica em torno de 90%, quando o tumor é diagnosticado precocemente. Este é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 25% de novos casos a cada ano. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o biênio 2018/2019, o Brasil deverá registrar 59.700 novos casos de câncer de mama, com um risco aumentado em 56, 33 casos a cada 100 mil mulheres.

O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Suas taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do mundo e também dos estados brasileiros. O maior número de casos de morte estão nas regiões Sudeste (16, 5%), seguida da Centro-Oeste (16, 1%) e Sul (15, 2%). Apenas na região Norte, os óbitos por câncer de mama ocupam o segundo lugar, com 12, 5%.

Compare os números entre os diversos tipos de câncer do último levantamento em 2018 (sexo feminino) e as estatísticas do INCA da localização e mortalidade do câncer:

1. Mama: 59.700 (2018) - 57.960 (2015)representando 29,5% de todos os cânceres. Em 2015, foram 57.960 novos casos de câncer de mama.

2. Cólon e reto (9,4%): 18.980 (2018). Em 2015 foram 17.620 casos.

3. Colo do útero (8,1%): 16.370 casos, em 2018. E, 16.340 em 2015.

4. Traqueia, brônquios e pulmão (6,2%): 12.530 (2018) - 10.860 (2015)

5. Em 2015, o câncer da glândula tireoide ocupava o 8º lugar com 5.870. No ano de 2018, passou para o 5º mais frequente (4%). totalizando 8.040 novos casos.

6. Desta forma, o estômago passou de 5ª para o 6ª posição, representando 3,8% dos casos de câncer. No ano de 2015 foram 7.600 novos casos, contra 7.750 em 2018. Mesmo tendo aumentado o número de novos casos, a tireoide ultrapassou na estatística por ter tido mais novos casos que o câncer de estômago.

7. Corpo do útero (3,3%): Em 2018, o número de novos casos caiu para 6.600. No ano de 2015 foram 6.950.

8. Ovário (3,0%): O número de novos casos em 2015 e 2018 permaneceu em 6.150 conforme estatística do INCA.

9. Sistema Nervoso Central (2,7%): 5.510 novos casos em 2018.

10. Leucemias (2,4%): 4.860 novos casos em 2018.

11. Linfoma não-Hodgkin ocupava o 9º lugar em 2015 com 5.030 casos. Em 2018, representa o 11º lugar com 4.810 novos casos.

Na mortalidade proporcional, os óbitos em mulheres por câncer de mama, também ocupam o primeiro lugar. O câncer de mama tende a crescer progressivamente a partir dos 40 anos, assim como a mortalidade por essa neoplasia. Na população feminina abaixo de 40 anos, ocorrem menos de 10 óbitos a cada 100 mil mulheres, enquanto na faixa etária a partir de 60 anos o risco é 10 vezes maior.

A descoberta do câncer de mama em estágio avançado traz consequências graves, aumentando as chances de metástase para o pulmão, ossos, fígado e cérebro. Esta situação acaba por dificultar o tratamento e as chances de sobrevida.

Metástase é quando a célula cancerígena de um tumor se espalha para outros órgãos através dos vasos sanguíneos ou linfáticos, formando um novo tumor em outro órgão. Ou seja, as células cancerígenas da mama podem “viajar” e alcançar o pulmão, por exemplo, e o paciente, neste caso, terá o câncer nos dois órgãos (mama e pulmão). Leia matéria para informações adicionais: O que é metástase?

Diante da gravidade deste tipo de câncer, desde 2008, o Brasil aderiu ao movimento internacional chamado OUTUBRO ROSA. Esta campanha nasceu em 1990, nos EUA, com o objetivo de programar ações para conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de mama. Os resultados tem se mostrado cada vez mais positivo. Um levantamento inédito do INCA revelou que as próprias mulheres (66, 2%) conseguiram identificar sinais e sintomas do câncer de mama e buscaram ajuda médica.

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O CÂNCER DE MAMA

O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é resultante da multiplicação desordenada de células da mama dando origem a um tumor maligno. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns crescem rapidamente, outros são mais lentos. Ele pode surgir nos lóbulos e ductos mamários, pode estar encapsulado na glândula e há também aqueles mais agressivos que se espalham rapidamente (metástase). O câncer de mama desenvolvido antes da menopausa tende a ser mais grave do que os que surgirem após a menopausa. Leia matéria complementar: A velocidade do crescimento de um tumor

Como reconhecer alterações na minha mama?
As mamas de cada mulher apresentam características próprias e que variam ao longo do tempo, desde a adolescência até a fase adulta e a velhice. Desta forma, ninguém melhor que você mesma, para observá-la com frequência, e identificar o que é normal, e se possíveis mudanças estão relacionadas apenas ao ciclo menstrual, por exemplo, ou se são sinais sugestivos de câncer de mama. O câncer de mama também atinge os homens, representando 1% dos casos.

Sinais e sintomas que necessitam avaliação médica com urgência de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde - veja a imagem:

• Qualquer nódulo mamário, principalmente em mulheres com mais de 40 anos;

• Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual;

• Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade;

• Secreção saindo de apenas um mamilo;

• Lesão na pele da mama que não responde a tratamentos com pomadas;

• Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema (inchaço), e pele com aspecto de casca de laranja;

• Retração na pele da mama;

• Mudança no formato do mamilo;

• Inversão do mamilo;

• Presença de nódulo na axila;

• Homens com mais de 50 anos com nódulo/caroço em apenas uma mama.

O câncer de mama é hereditário?
Embora a hereditariedade seja responsável por apenas 10% do total de casos, mulheres com história familiar de câncer de mama ou ovários, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmãs) foram acometidas antes dos 50 anos, apresentam maior risco de desenvolver a doença. Fatores genéticos, especialmente alterações nos genes BRCA1 e BRCA2 também elevam o risco. Esse grupo deve ser acompanhado por especialista a partir dos 35 anos (a critério médico). É o profissional de saúde quem vai decidir se o acompanhamento deve ser iniciado antes desta idade e quais exames a paciente deverá fazer. Leia matéria complementar: O câncer é hereditário? - Diferença entre genético e hereditário

Quais os fatores de risco para o câncer de mama?
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) não existe uma causa única para o câncer de mama e a idade é um importante fator de risco para a doença. Mulheres com mais de 50 anos são as mais atingidas.

Os principais fatores de risco relacionados ao câncer de mama:

• Primeira menstruação precoce (antes dos 12 anos);

• Primeira gravidez após os 30 anos;

• Não ter amamentado;

• Não ter tido filhos;

• Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona);

• Menopausa tardia (após 55 anos);

• Ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos;

• Obesidade e sobrepeso após a menopausa;

• Sedentarismo (não fazer exercícios);

• Consumo de bebida alcoólica;

• Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X).

• A presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que a mulher terá necessariamente a doença.

Segundo o ginecologista Prof. Dr. Thomaz Gollop ainda não há certeza da associação do uso de pílulas anticoncepcionais com o aumento do risco para o câncer de mama. Podem estar mais predispostas a ter a doença, as mulheres que usaram contraceptivos orais de dosagens elevadas de estrogênio, que fizeram uso da medicação por longo período e as que usaram anticoncepcional em idade precoce, antes da primeira gravidez.

O que posso mudar no meu estilo de vida para prevenir o câncer de mama?
A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco indicados na questão anterior. Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher, em princípio, não são passíveis de mudança, mas fatores relacionados ao estilo de vida, como obesidade pós-menopausa, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia de reposição hormonal, são modificáveis.

Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 30% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama:

• Pratique atividade física;

• Alimente-se de forma saudável;

• Mantenha o peso corporal adequado;

• Evite o consumo de bebidas alcoólicas;

• Amamente seu filho.

O ginecologista Prof. Thomaz Gollop chama a atenção para o excesso de gordura na alimentação: “o consumo de gordura animal faz com que sejam acumuladas substâncias tóxicas no organismo que agem no corpo como estrogênio, favorecendo o câncer de mama”. Por isso que a obesidade é fator de risco para o câncer de mama já que as células de gordura também provocam o aumento da produção de estrogênio. Leia também: Alimentação e câncer

Que exames preventivos devo fazer e a partir de que idade?
As formas mais eficazes para a detecção precoce do câncer de mama são o exame clínico pelo médico e a mamografia. Entretanto, apenas o exame clínico não é capaz de confirmar o câncer precocemente, pois detecta apenas casos de tumor localizado na parte superficial da mama e com medida acima de um centímetro. Mesmo assim, é recomendado ser feito, anualmente, a partir dos 35 anos, para que o médico capacitado possa identificar qualquer anormalidade suspeita.

Já a mamografia é realizada em um aparelho de raios X chamado de mamógrafo. Ele permite a detecção precoce do câncer, por conseguir mostrar lesões em fase inicial enquanto ainda muito pequenas (medindo milímetros). Nele, a mama é comprimida de forma a fornecer melhores imagens, e, portanto, melhor capacidade de diagnóstico. O desconforto provocado é suportável.Mesmo assim, a mamografia diagnóstica geralmente não é solicitada em mulheres jovens, pois nessa idade, as mamas são mais densas e o exame apresenta muitos resultados incorretos.

Como medida preventiva, a recomendação do Ministério da Saúde é que a mamografia seja realizada a cada dois anos apenas em mulheres entre 50 e 69 anos. Entretanto, em casos de investigação de lesões suspeitas, pode ser solicitada em qualquer idade, a critério médico. O SUS oferece exame de mamografia para todas as idades quando há indicação médica. Em mulheres com risco elevado de câncer de mama, esta rotina deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais.

Existe também outro exame indicado para a detecção do câncer de mama chamado ultrassonografia das mamas, porém quando feito isoladamente (separado da mamografia) não tem capacidade diagnóstica efetiva.

A faixa etária estipulada para a realização da mamografia pelo Ministério da Saúde é estipulada pela estatística, já que cerca de 4 em cada 5 casos de câncer de mama, ocorrem após os 50 anos. Tem também o intuito de preservar as mulheres de resultado falso positivo e tratamentos desnecessários, tais como:

• Ser diagnosticada e submetida a tratamento, com cirurgia (retirada parcial ou total da mama), quimioterapia e/ou radioterapia, de um câncer que não ameaçaria a vida. Isso ocorre em virtude do crescimento lento de certos tipos de câncer de mama.

• Exposição aos Raios X. Raramente causa câncer, mas há um discreto aumento do risco quanto mais frequente é a exposição.

Quem já o teve câncer de mama pode amamentar?
As mulheres que tiveram câncer de mama, após a alta, poderão, a critério médico, amamentar. Porém, em relação a terapia hormonal na menopausa, não existe, até o momento, permissão para fazê-la. Vale lembrar que a amamentação tem um efeito protetor sobre o câncer de mama. Quem amamenta tem menor risco de contraí-lo.

Como é feito o tratamento de câncer de mama?
Importantes avanços na abordagem do câncer de mama aconteceram nos últimos anos, principalmente no que diz respeito a cirurgias menos mutilantes, assim como a busca da individualização do tratamento. O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, suas características biológicas, bem como das condições da paciente (idade, status menopausal, comorbidades e preferências).

Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial curativo. Na existência de metástases, o tratamento tem por objetivos principais prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida. As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em:
• Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.
• Tratamento local: cirurgia e radioterapia após a cirurgia

Leia artigos para complementar estas informação:
Diferença entre quimioterapia e radioterapia: efeitos colaterais
O que é hormonioterapia
Medicina nuclear no tratamento e diagnóstico do câncer de mama
Quando não se pode remover o câncer com cirurgia?

Quando é necessária a retirada das mamas?
A necessidade de cirurgias mais agressivas, como a de retirada da mama, depende do estágio da doença. O câncer de mama identificado em estágios iniciais, com tumores com menos de dois centímetros, não exigem a retirada da mama. Nos tumores nos quais a cirurgia conservadora é contraindicada (cirurgia para retirada apenas do tumor, preservando a mama) e houver necessidade de mastectomia (retirada total da mama) é importantíssimo que toda mulher saiba da possibilidade de uma cirurgia plástica reconstrutiva, já por ocasião da mastectomia. Entretanto é relevante notar, que há diversos tipos de câncer de mama, e cada caso deve ser avaliado dentro de suas características.

Caso eu precise retirar as mamas, o SUS faz a cirurgia plástica reparadora?
O procedimento, que já era oferecido em algumas unidades de saúde, passa a ser obrigatório em casos de mutilação da mama em decorrência de tratamento contra o câncer. Novas medidas determinam que os hospitais que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereçam cirurgia plástica reparadora da mama nos casos de mutilação decorrentes de tratamento de câncer.

De acordo com o documento, quando houver condição técnica, a reconstrução será efetuada no mesmo momento em que for realizada a cirurgia para retirada do câncer. No caso de impossibilidade de reconstrução imediata, a paciente será encaminhada para acompanhamento e terá garantida a realização da cirurgia imediatamente após alcançar as condições clínicas requeridas.

Junte-se ao movimento OUTUBRO ROSA e compartilhe essas informações com suas amigas. O tempo é crucial no tratamento do câncer. Quanto mais cedo à doença for diagnosticada, maiores as chances de cura.

Leia matérias complementares:
O que é câncer
Diferença do tumor benigno e maligno
Por que eu tenho câncer?
Tipos de câncer e sintomas
Riscos e benefícios da pílula anticoncepcional

Fonte: Conteúdo exclusivo do site Medicina Mitos e Verdades. Médico responsável Prof. Dr. Thomaz Gollop. Dados estatísticos do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Ministério da Saúde.