Intoxicação Alimentar de leve à grave: sintomas, tratamento e causas
Sintomas de intoxicação alimentar
• Diarreia (o sintoma mais comum);
• Dor abdominal e câimbras;
• Náusea e vômito (às vezes severos);
• Febre (ou não);
• Dor de cabeça (ou não);
• Fezes com sangue (ou não);
Outro sinal de intoxicação alimentar é quando várias pessoas passam mal após terem ingerido o mesmo alimento.
Leia também: As 5 principais causas da diarreia
Quanto tempo após a intoxicação alimentar surge os sintomas, e demora quantos dias até a cura?
Os primeiros sintomas podem ocorrer entre 1 hora após a contaminação, ou até 7 dias, dependendo do agente infeccioso. A maioria dos casos de intoxicação alimentar não requer tanta preocupação e a recuperação ocorre dentro de 3 dias sem qualquer cuidado médico. Entretanto, o mal pode ser fatal se você demorar a procurar assistência médica, caso seja uma intoxicação mais grave.
Sintomas considerados graves e que merecem atenção especial:
• Diarreia com sangue ou pus nas fezes (possível infecção por Campylobacter ou Shigella).
Leia também: Causas de sangue nas fezes
• Coração acelerado ou tontura após se levantar rapidamente, acompanhada de vômito, náuseas ou diarreia (possível desidratação).
• Formigamento nos braços e nas pernas, ou ao redor dos lábios, visão embaçada, fraqueza ou entorpecimento (possível botulismo).
5 dicas para tratar e diminuir os desconfortos da intoxicação alimentar
1) Repouse e tente estar próximo a um banheiro
O descanso acelera a recuperação. Tente ficar sempre perto de um banheiro para ter fácil acesso durante a urgência da diarreia ou vômitos.
2) Beba bastante líquidos
A diarreia e o vômito no primeiro momento são úteis, pois ajudam a limpar as toxinas do organismo. Por outro lado, faz você perder muito líquido.
Para prevenir a desidratação, você precisa tomar o equivalente a 150 ml a 200 ml de líquido por hora, ao longo do dia. Os líquidos podem incluir água, chá com açúcar, sopa leve de legumes com carne ou bebidas energéticas (tipo gatorate).
Se o vômito persistir e você não conseguir segurar nada no estômago, deve tentar tomar pequenos goles de água ou chupar pedaços de gelo. Leia: Dicas para evitar náuseas e vômitos
Para as crianças: é necessário beber cerca de 250 ml de líquido por hora. Leia: 7 sinais e sintomas graves da desidratação
3) Mantenha-se aquecido
Se você tiver dor de estômago ou câimbras, pode conseguir um pouco de alívio aplicando uma bolsa de água quente (graduação baixa) sobre a região afetada, ou na falta dela, use uma almofada ou garrafa com água quente sobre o abdome.
4) Alimentação
Após os sintomas diminuírem, você pode ingerir alguns alimentos de fácil digestão, como cereais cozidos, bananas, arroz, torta de maça, torrada, batatas e macarrão. Assim que a diarreia ceder e o apetite aumentar, pode retornar à sua dieta normal.
5) Mesmo após a diarreia ter parado, evite leite e produtos derivados durante os dias seguintes. Isto permitirá a reposição das enzimas no intestino delgado necessária para controlar a lactose contida no leite e nos produtos derivados.
Quando devo procurar o médico?
Você deve buscar atendimento médico imediato quando apresentar qualquer um dos seguintes sintomas:
• Diarreia súbita e severa,
• Diarreia com sangue,
• Dor abdominal forte,
• Febre de 38°C ou mais.
Sintomas leves que não cederem em até 7 dias necessitam, da mesma forma, assistência médica.
Mesmo em casos de intoxicação alimentar de grau leve, algumas pessoas precisam de atendimento médico, por risco, inclusive de morte. Faz parte deste grupo:
• Crianças,
• Usuários constantes de medicamentos antiácidos,
• Gestantes,
• Diabéticos,
• Pessoas com problema de alcoolismo,
• Pacientes com o sistema imunológico comprometido. Este grupo corre inclusive risco de vida.
O que o médico deverá fazer
Após histórico clínico, o médico deverá identificar a origem da intoxicação. O médico pode solicitar culturas de vômito, fezes e sangue. O alimento suspeito de contaminação também deverá ser examinado por especialistas. Se você tiver botulismo, deverá receber medicação especial. Para vômito e diarreia, o médico receitará um remédio para interrompê-los. (No final do artigo falaremos sobre o botulismo)
Precaução com crianças
Se você tem filhos numa creche ou jardim de infância (ou se trabalha em algum destes lugares), verifique se a área de banheiros e de troca de fraldas fica bem separada da área de preparação dos alimentos. Ao mesmo tempo, deve estar atenta para que os funcionários que preparam a comida.
A área de troca das fraldas deve ser limpa com desinfetante, assim como os brinquedos que estão manuseados no local.
Se a criança for infectada e estiver com diarreia ativa, você deve mantê-la em casa até que a infecção tenha desaparecido completamente de modo a evitar o risco de transmissão.
O que é a intoxicação alimentar?
A intoxicação por ingestão de alimento contaminado é um mal causado por uma bactéria criada a partir do próprio alimento, por parasitas, vírus ou substâncias químicas. Toda casa, assim como toda pessoa, pode abrigar uma série de bactérias que causam uma grande variedade de doenças se atingirem os alimentos e se multiplicarem. As pessoas podem ter uma contaminação leve, sem sequer perceberem.
Quando surgem sintomas de dor de cabeça e estômago, ao mesmo tempo, supõe-se a princípio que se trata de uma “gripe estomacal” (termo usado para um distúrbio estomacal leve) ou com o “vírus 24 horas” (tipo de gripe de curta duração) quando, na verdade, podem ter sido intoxicadas.
Alguns tipos de micróbios podem fazer uma pessoa adoecer gravemente, podendo, inclusive, morrer, principalmente os idosos, as crianças e os diabéticos, além daquelas que têm o sistema imunológico comprometido, como pacientes de câncer, por exemplo.
Milhares de casos ocorrem a cada ano sem serem registrados, uma vez que grande parte é de intoxicação leve, durando dois ou três dias apenas. Mas muitos casos são sérios e requerem hospitalização. Registra-se um número grande de vítimas fatais por infecções alimentares.
O que causa a intoxicação por alimentos?
A intoxicação alimentar é causada por uma série de diferentes bactérias e por alguns vírus, sendo que as bactérias são responsáveis pela grande maioria dos casos. Quase todos os tipos de comida (a não ser que tenham sido esterilizadas) têm bactérias, apesar de que a maioria delas não trazem problemas à saúde. Ou seja, a mera presença de uma bactéria ou de vírus na comida não é suficiente para tornar uma pessoa doente. As bactérias e os vírus causam problemas somente quando o alimento é manuseado ou preparado inapropriadamente.
As bactérias também podem ser introduzidas nos alimentos a partir de fontes externas. Por exemplo, as frutas frescas e os vegetais podem ser contaminados se forem lavados e enxaguados em água que contenha esterco de animais ou água de esgoto. Os agentes de contaminação também podem penetrar no alimento durante o processamento, quando as pessoas que o manuseiam estão infectadas.
Leia o artigo: Alimento contaminado ou manipulação indevida? Saiba como descobrir
Alimentos deixados na temperatura ambiente ou a comida morna deixada no forno contendo bactérias nocivas faz com que elas se multipliquem rapidamente.
Comidas úmidas, como as recheadas, ou arroz cozido, já são particularmente susceptíveis ao crescimento das bactérias.
A refrigeração retarda o crescimento das bactérias que são mortas mediante cozimento em altas temperaturas, entretanto, se determinados alimentos forem deixados sem refrigeração por muito tempo, alguns tipos de bactérias podem formar uma toxina que sobreviverá ao calor ou à refrigeração.
Qual a bactéria mais frequente da intoxicação alimentar?
A salmonella é de longe a causa mais frequente de intoxicação por ingestão de alimentos contaminados. Estima-se a salmonela seja responsável por milhões de casos por ano, embora poucos sejam de fato registrados, pois em grau leve, a intoxicação por esta bactéria pode ser confundida com um mal estar intestinal qualquer.
O que causa a salmonella?
Os métodos mecânicos de alta velocidade do abate de animais e da consequente retirada das vísceras, especialmente das aves, parecem ser responsáveis pelo aumento dos casos de intoxicação por salmonella. De acordo com estimativas, pelo menos a metade de todas as galinhas cruas comercializadas estão contaminadas com a salmonella e/ou com a Campylobacter jejuni, que é outra bactéria que causa diarreia, febre e câimbras abdominais, além de aparecer sangue nas fezes. A Campylobacter é responsável por milhões de casos de envenenamento por ingestão de alimentos contaminados.
Qualquer animal pode abrigar a salmonella assim como ovos crus. Mas, nestes casos, o manuseio inadequado pode não ser a única causa. Pesquisadores sugerem que a bactéria pode vir de dentro da galinha e de dentro do próprio ovo, ao invés de absorvidos pela casca trincada ou suja.
Enquanto que os ovos crus ou levemente cozidos, ou mesmo alimentos feitos para saladas como molho de maionese caseiro, representam risco potencial. Já a maionese comercializada em forma de produto comercial é segura pois os ovos são pasteurizados.
Outra causa de intoxicação atribuída à bactéria de nome Escherichia coli (um grupo de bactérias também particularmente perigoso e amplamente presente nas fezes), pode afetar as pessoas quando consomem alimentos ou água contaminados com quantidades microscópicas de fezes de vaca. A maioria dos casos está associada à alimentos mal cozidos, como a carne moída, e aos suco de frutas apanhadas do chão, contaminados com esterco.
Os peixes e os moluscos são outra fonte comum de intoxicação, particularmente quando são ingeridos cru. Qualquer peixe ou molusco, mesmo os frescos, podem carregar algumas bactérias e vírus, e aqueles que provêm de água poluída por esgoto podem transportar grandes doses de bactérias.
Alguns moluscos (mexilhão, ostras e mariscos) que vivem em águas poluídas, costumam reter as bactérias e os vírus dos alimentos microscópicos que absorvem. Assim, os moluscos podem ser uma fonte de hepatite e gastroenterite, dentre outras doenças.
Leia também:
• Gastroenterite: causas e sintomas
• Hepatite por alimentos ou água contaminada: hepatite A
Intoxicação por comida japonesa crua: peixe cru, como sushi e sashimi, pode ser uma fonte de parasitas como as tênias e os nematódeos, bem como de bactérias e vírus.
Leia o artigo: Vermes intestinais: causas, sintomas e tratamento
O que é o botulismo? De que forma é contraído? É grave?
Sim. O botulismo é grave e perigoso, porém mais raro que as outras bactérias. Ele é causado por toxinas potentes produzidas pela bactéria que forma o esporo Clostridium botulinum, muito comum na terra.
Qualquer alimento contaminado no contato com o solo, e mal lavado ou manuseado após ser colhido, pode causar botulismo. Entretanto, este micróbio produz veneno em temperaturas superiores a 3°C e sob determinadas condições (especialmente em ambientes com perda quase que total de oxigênio) e por isso é bastante raro.
Produtos enlatados é uma fonte potencial de botulismo. Os métodos modernos de acondicionamento de produtos para o comércio já avançaram muito e praticamente eliminaram o botulismo dos enlatados. Entretanto, ainda pode ocorrer em alimentos enlatados em casa. Apesar dos enlatados estufarem quando apresentam botulismo, a ausência desta manifestação não garante a ausência de botulismo.
Atenção: outros sinais de alerta são bolhas de gás nos recipientes, descoloração e líquidos com aparência de leite que normalmente deveriam ser transparentes.
Como se prevenir do botulismo
Mesmo que os esporos estejam presentes, as toxinas não serão produzidas a não ser que o alimento seja deixado por 12 ou 24 horas em temperatura ambiente e sob condições de relativa falta de ar (por exemplo), um alimento embrulhado ou com uma capa de gordura.
Os esporos só podem ser destruídos através do calor úmido, a uma temperatura de 120°C e sob pressão (panela de pressão, por exemplo) por 30 minutos, mas a toxina só passa a ser inativa a partir do ponto de fervura de 100°C por 10 minutos.
Leia também: Nomes e sintomas das principais bactérias, vírus e parasitoses que causam diarreia e vômitos
Conteúdo exclusivo do site Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). Categoria de Gastroenterologia: Médico Prof. Dr. Luiz Chehter
Todos os direitos reservados. Proibida reprodução total ou parcial deste artigo e/ou imagem sem citar a fonte com o link ativo. Direitos autorais protegidos pela lei.