Dicas para evitar os gases intestinais: o excesso é normal ou sinal de doença?

Dicas para evitar os gases intestinais: o excesso é normal ou sinal de doença?

O que são os gases intestinais? Como são produzidos no corpo?
Os gases se formam no tubo digestivo e é uma condição normal do corpo humano. Uma pessoa produz até 1.400 ml de gases por dia e grande parte é absorvida pelo próprio organismo. Além dos gases decorrentes da própria circulação sanguínea, o ato de comer ou falar, por exemplo, sempre faz com que engolimos um pouco mais de ar. O processo de digestão também pode produzir mais gases no corpo, seja por ação das bactérias ou pelo movimento natural do organismo.

Qual a composição dos flatos? Por que cheiram mau?
A composição dos flatos inclui, basicamente, oxigênio, dióxido de carbono, nitrogênio, metano, e o grande responsável por provocar o cheiro forte do pum é o sulfeto de hidrogênio. Ele é tão “poderoso”, que mesmo representado apenas 1% da composição dos gases, tem o potencial de provocar situações constrangedoras e “inesquecíveis”.

De qualquer forma é preciso diferenciar o excesso de gases e o mau odor deles. São situações que podem ser independentes ou estarem associadas. Uma pessoa pode expelir muitos gases, mas não ter cheiro fétido, ou expelir poucos gases, mas ter o mau odor.

O que provoca o aumento dos gases?

Vários fatores devem ser observados. É necessária uma investigação junto ao médico para verificar se o motivo é a produção excessiva de gases, ou se o fato está relacionado na dificuldade em eliminá-los. As causas podem ser simples ou complexas.

Estados de ansiedade, por exemplo, podem provocar aumento dos gases pelo fato da pessoa falar de forma agitada e rápida. Problemas digestivos, a ingestão de determinados alimentos, doenças diversas, hábitos inadequados e intolerância alimentares também exercem influência na formação de gases intestinais.

Confira abaixo as principais causas e nossas dicas para evitar o excesso de gases

Veja situações simples que podem ser contornadas apenas com a mudança de hábitos:

1. Evite condições que provoquem aumento da deglutição de ar:

2. Se alimente devagar e evite conversar durante a refeição;

3. Mastigue bem o alimento: se você engole rapidamente, dificulta a trituração e as partículas maiores permanecerão por mais tempo no organismo podendo fermentar;

4. Mastigue de boca fechada;

5. Não use canudos;

6. Evite bebidas gaseificadas;

7. Exclua o chiclete da sua rotina;

8. Livre-se do cigarro, charuto e semelhantes, que além dos danos a saúde também causam aerofagia (deglutição concomitante com o ar);

9. Evite balas dietéticas que contêm sorbitol: este adoçante artificial é geralmente usado em gomas e em balas sem açúcar e pode causar flatulência e também diarreia;

10. Adoçantes a base de frutose, da mesma forma, aumenta a produção de gases;

Dica: tome chá de erva-doce ou hortelã após as refeições. Além de melhorar a digestão, ajuda a diminuir os gases intestinais.

Aprenda a escolher o que come: o que você deve evitar

A digestão de determinados alimentos, produz mais gases do que outros. A fermentação intestinal é a responsável pela produção dos gases, podendo ser a partir da lactose, da frutose, de determinadas fibras vegetais e de carboidratos presentes no trigo, aveia, milho e batatas.

• Os alimentos contendo carboidratos não-absorvíveis (constituídos de fibras vegetais), são capazes de aumentar a produção dos gases intestinais. Alguns deles: feijão, soja, brócolis, cebola, aipo, repolho, couve-flor, ervilhas, pepino, rabanete, cenoura, passas, bananas, fibras fermentáveis e amidos complexos como o trigo e batata.

Frutas: o açúcar natural das frutas pode promover aumento de gases.

• Em algumas pessoas, o leite e produtos derivados do leite, podem causar muitos gases, o que é indício de intolerância a lactose.

Muitas pessoas observam uma significativa redução dos gases intestinais após evitarem esses alimentos.

Dicas de alimentos que não provocam gases

Proteínas: carne bovina magra, frango, peixe (salmão, sardinha, anchova e cavala). Aconselha-se consumir na versão picada, moída ou ensopada.

Carboidratos: pães e arroz sem glúten.

Verduras e legumes: alface, tomate, aspargos (coma antes da refeição). Berinjela, chuchu, abobrinha e cenoura.

Frutas: Abacaxi, uva, morango, abacate, melancia, limão, tangerina, framboesa, Kiwi, goiaba, melão, pêssego, maçã, cereja e maracujá possuem menos frutose. Prefira o mamão formosa.

Temperos e especiarias que diminuem a produção de gases: gengibre, anis, ervas e funcho (sementes de erva-doce)

Intolerantes a lactose ou ao glúten: hoje já existe uma infinidades de produtos disponíveis para esta situação.

• Consuma bebidas com lactobacilos vivos

Atenção às fibras: aumentar gradualmente a ingestão

As fibras são essenciais para o bom funcionamento do intestino. Quando você está com prisão de ventre, a passagem do alimento através das vias gastrointestinais fica mais lenta, aumentando a fermentação. Por isso, você deve consumir alimentos ricos em fibras e beber bastante líquido.

Porém, infelizmente, apesar de saudáveis, muitas leguminosas e grãos, produzem grandes quantidades de gases (apesar de alguns deles não cheirarem mau). Isso ocorre pela presença dos carboidratos (açúcares) que o corpo não é capaz de digerir.

Ingerir alimentos ricos em fibras é uma das melhores maneiras de prevenir a constipação e assegurar fezes com consistência tenra e volumosa. A prisão de ventre provoca não apenas excesso de gases como também o mau cheiro.

Dica

A quantidade de fibras recomendada para os adultos é de 14 gramas a cada 1.000 Kcal ingeridas. A variação média é de 34 g ao dia para os homens, e 28 g para as mulheres.

Quantidades acima de 70 gramas/dia causam mais malefícios do que benefícios. Além de provocar excesso de gases, prisão de ventre e inchaço, prejudica a absorção de zinco, cálcio e magnésio.

Você deve ingerir quantidades moderadas de alimentos ricos em fibra no começo, e aumentar gradualmente até atingir sua cota diária. É fundamental beber bastante líquido ao consumir fibras. Se algum desses alimentos continuarem incomodando a digestão, reduza-os ou elimine-os de sua dieta. Substitua por outro até encontrar o que mais se adapta ao seu organismo. Beba no mínimo 2 litro de água por dia.

Quais as principais doenças e condições que causam alteração dos gases intestinais?

Intolerância a lactose (ler o artigo completo)

Má absorção dos alimentos, problemas digestivos (ler o artigo completo);

• Doença inflamatória intestinal;

Síndrome do intestino irritável (ler o artigo completo)

• Síndrome da distensão funcional;

• Dispepsia funcional;

• Doença celíaca (alergia ao glúten);

• Intolerância alimentares;

• Obstrução nasal e problemas neurológicos que possam interferir na mastigação também podem levar à excessiva deglutição de ar.

Quando desconfiar que o excesso de gases esta relacionado a algum problema?

Se existir dores, inchaço abdominal e o odor forte persistir por mais de 2 dias busque ajuda médica. Da mesma forma, quando o agravamento dos sintomas ocorrer ao final do dia ou após a ingestão de determinados alimentos é necessário investigar a causa.

Qual é a quantidade de puns eliminados por dia que é considerado normal?

Um adulto normal expele gases de 15 a 20 vezes por dia, uma quantidade considerada normal pelos gastroenterologistas. Uma pequena variação ou em algum dia que ocorra com mais frequência não é motivo de preocupação.

Leia também: Cheiro ruim dos gases intestinais - saiba como evitar

Conteúdo exclusivo do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). Médico responsável Prof. Dr. Luiz Chehter. Gastroenterologista do setor de dispepsia da Escola Paulista de Medicina.