Arritmia cardíaca e morte súbita

Arritmia cardíaca e morte súbita

Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, em parceria com o Ministério da Saúde e com o DECA (Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial), foi apontada a ocorrência de mais de 320 mil mortes súbitas por ano em decorrência de arritmias cardíacas. Do total de mortes súbitas em decorrência de problemas cardiovasculares, estima-se que 80 a 90% são provenientes de algum tipo de arritmia cardíaca. No Brasil, 40 milhões de pessoas têm algum tipo de Arritmia Cardíaca. Estima-se que até 20% da população seja acometida pela doença

Mesmo assim, ainda há muita desinformação a respeito da doença. A hereditariedade e outros fatores de risco merecem atenção de especialistas e, por isso, a consulta periódica com um cardiologista é fundamental.

Mas, afinal, o que é uma arritmia cardíaca? Quais são os sintomas? Quais os tipos mais prevalentes? Qual o tratamento? Como prevenir?

Visando informar corretamente sobre arritmias cardíacas e morte súbita, a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, listou 10 informações que você precisa saber para que seu coração bata no ritmo certo. Confira:

1. O que é arritmia cardíaca?

Arritmia cardíaca é uma alteração que ocorre na formação ou na condução do estímulo elétrico do coração, as quais podem provocar modificações do ritmo cardíaco. As arritmias podem ser benignas e malignas. Indivíduos que apresentam problemas no músculo cardíaco, como infarto, cicatrizes de inflamações, doença nas artérias coronárias e insuficiência cardíaca, estão no grupo de maior risco. As arritmias em corações estruturalmente normais geralmente são benignas, embora haja exceções.

2. Como ocorre o batimento cardíaco?

O coração é uma bomba formada por quatro cavidades: duas do lado direito e duas do lado esquerdo (os átrios e os ventrículos). Sua função é impulsionar o sangue que vem das veias para os pulmões e o sangue rico em oxigênio, que vem dos pulmões, para todos os nossos órgãos.

Um sistema elétrico é responsável pela contração muscular no ritmo certo e pela sincronização dos batimentos das quatro câmaras do coração. Esse sistema elétrico é formado por um conjunto de células que geram o estímulo elétrico espontaneamente, denominado nó sinoatrial ou nó sinusal e por uma rede de nervos que espalha o estímulo pelo músculo todo.

3. Qual é o ritmo cardíaco adequado?

O ritmo cardíaco adequado é ritmo regular, compassado. A frequência dos batimentos cardíacos depende da atividade que o indivíduo está realizando (repouso ou em exercício) e é medida pelo número de contrações do coração por uma unidade de tempo, geralmente por minuto. Por isso é expressa em BPM (batimentos por minuto). A frequência cardíaca pode variar muito, mas normalmente situa-se entre 60 bpm e 100 bpm num indivíduo em repouso ou atividades habituais.

Para um indivíduo adulto em repouso, uma frequência cardíaca de 100 bpm, persistentemente, pode ser considerada alta. Em algumas situações, como durante exercícios físicos de alta intensidade, estes batimentos podem atingir até mesmo 180 bpm. Por outro lado, quando dormimos ou estamos em repouso, a frequência pode ficar abaixo dos 60 bpm e isso é considerado normal.

4. Quais são os tipos de arritmias cardíacas?

Existem vários tipos de arritmias, mas as mais comuns são a taquicardia, quando o coração bate rápido e a bradicardia, quando as batidas são muito lentas. Existem também os batimentos fora de compasso, que se manifestam com pulsação irregular, como as extra-sístoles e a fibrilação atrial.
Leia os artigos completos sobre:
Coração acelerado e taquicardia: causas, tipos e gravidade
Bradicardia: causas e riscos

5. O que é a Morte Súbita Cardíaca?

A morte súbita cardíaca é a morte inesperada, instantânea, causada pela perda da função de bombeamento do músculo cardíaco. A falta de função de bombeamento, na grande maioria, é causada por arritmias originadas nos ventrículos (fibrilação ventricular). A causa mais frequente de arritmias ventriculares na população em geral é o Infarto do Miocárdio.

6. Quem está sujeito às arritmias cardíacas e à morte súbita?

Qualquer pessoa pode ter arritmia cardíaca, independentemente de faixa etária, gênero ou condição socioeconômica. As arritmias cardíacas podem acometer recém-nascidos, jovens supostamente saudáveis e esportistas. Mas são mais frequentes em pessoas portadoras de doenças do músculo cardíaco ou doenças hereditárias do sistema elétrico e também em idosos. Clique para ler o artigo Arritmia pode surgir na infância

7. Quais os sintomas de uma arritmia cardíaca?

Os principais sintomas das arritmias cardíacas são palpitações, batedeira no peito, sensação de batimentos rápidos, lentos, irregulares, às vezes cansaço de início recente e desproporcional ao grau de esforço realizado, tonteiras, desmaios, fraqueza, desconforto no peito.

8. Como é feito o diagnóstico de uma arritmia cardíaca?

Quando uma pessoa percebe que seu coração está batendo de forma inadequada, deve procurar um cardiologista para avaliação clínica. O médico fará a anamnese, levantará dados da história familiar, realizará um exame clínico detalhado e um eletrocardiograma. A partir de então, outros testes são solicitados dependendo da necessidade de cada paciente, tais como: Ecocardiograma, Holter de 24h, Teste Ergométrico, Monitor de Eventos, Ressonância Magnética do Coração e Estudo Eletrofisiológico Intracardíaco. Clique para ler o artigo Exames cardíacos: para que serve cada um deles

9. Qual tratamento de uma arritmia cardíaca?

Quem determinará o tratamento adequado é o médico especialista em arritmias (o Arritmologista ou Eletrofisiologista). Os tratamentos podem ser medicamentosos, por Ablação por Cateter (cauterização dos focos das arritmias) ou ainda pode ser necessário o uso de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis (DCEI), tais como Marca-passo (MP), Cadioversor-Desfibrilador (CDI) ou Ressincronizador.

10. Como prevenir as arritmias cardíacas e a morte súbita?

Para prevenir as arritmias cardíacas, assim como as demais doenças, é preciso ter hábitos saudáveis, alimentação saudável, não se exceder no consumo de bebidas alcoólicas, energéticos, não usar tabaco, tratar diabetes e evitar obesidade. Também é importante dar atenção à saúde emocional, evitando o estresse.

Toda atividade física e/ou esportiva moderada traz benefícios à saúde, mas antes de iniciá-la, deve-se procurar um médico para avaliação clínica e orientação adequada. Clique para ler o artigo Infarto durante atividades físicas

Por fim, visitas regulares a um cardiologista, pelo menos uma vez por ano, são fundamentais. Preste atenção nos sinais do seu coração, como pulsações irregulares, batimentos intensos, rápidos, cansaço demasiado e sem motivo aparente, tonturas e desmaios. Clique e leia o artigo Sinais vitais a alterações do pulso

Entenda a imagem do eletrocardiograma: O eletrocardiograma (ECG) é um exame que verifica a existência de problemas com a atividade elétrica do coração. É um procedimento rápido, simples e indolor, no qual os impulsos elétricos do coração são amplificados e registrados em um pedaço de papel.

Cada batida do seu coração acontece por conta de um impulso elétrico naturalmente gerado por células especiais do seu coração. O eletrocardiograma registra esses impulsos elétricos e mostra se o ritmo e intensidade destes estão dentro do normal.

O traçado do eletrocardiograma é composto basicamente por 5 elementos: onda P, intervalo PR, complexo QRS, segmento ST e onda T.

1. A onda P é o traçado que corresponde à despolarização dos átrios (contração dos átrios).
2. O intervalo PR é o tempo entre o início da despolarização dos átrios e dos ventrículos.
3. O complexo QRS é a despolarização dos ventrículos (contração dos ventrículos).
4. O segmento ST é o tempo entre o fim da despolarização e o início da repolarização dos ventrículos.
5. A onda T é a repolarização dos ventrículos, que passam a ficar aptos para nova contração.

Cada batimento cardíaco é composto por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T.

Obs: a repolarização dos átrios ocorre ao mesmo tempo da despolarização dos ventrículos, por isso, ela não aparece no ECG, ficando encoberta pelo complexo QRS. O complexo QRS pode ter várias aparências, dependendo da derivação em que ele é visualizado.

Clique aqui e leia mais artigos na categoria de cardiologia:Prof. Bernardino Tranchesi Jr.