Rouquidão persistente e câncer na laringe
Muitas são as causas da rouquidão. Ela pode ser desde origem funcional (quando é consequência do próprio uso da voz) não existindo nenhum problema nas cordas vocais, ou por problemas orgânicos. Neste caso, inclui desde alterações anatômicas das cordas vocais (cistos, nódulos, pólipos etc), até por consequência de patologias que levam a irritação ou inflamação das cordas vocais (refluxo esofágico, difteria, laringite, etc).
No câncer de laringe, a rouquidão também se faz presente, e ocorre por lesões nas cordas vocais. Além da rouquidão, o paciente apresenta outros sinais e sintomas que da mesma forma podem ser confundidos com diversas patologias:
• Alteração na qualidade da voz,
• Dor de garganta,
• Dificuldade de engolir,
• Sensação de “caroço” na garganta,
• nódulo (caroço ) no pescoço.
• Nas lesões mais avançadas das cordas vocais, o paciente pode sentir também dificuldade para respirar e falta de ar.
O câncer de laringe ocorre com mais frequência em homens acima de 40 anos, e é um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço. Representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área, e 2% de todas as doenças malignas. O diagnóstico precoce, ajuda no tratamento e cura.
A ocorrência pode se dar em uma das três áreas em que se divide o órgão: supraglote, glote e subglote.
Aproximadamente 2/3 dos tumores surgem na "corda vocal verdadeira", localizada na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais). O tipo histológico mais prevalente, em mais de 90% dos pacientes, é o carcinoma de células escamosas.
Quais os principais sintomas que diferenciam a localização do tumor na laringe?
• A dor de garganta, principalmente durante a deglutição, sugere tumor supraglótico (acima das cordas vocais).
• Já a rouquidão indica tumor glótico (na glote, atingindo as cordas vocais), ou subglótico.
O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros sinais, como alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de engolir) e sensação de "caroço" na garganta. Clique e leia também: Nódulos na tireoide
• Nas lesões avançadas das cordas vocais, além da rouquidão, podem ocorrer dor na garganta, disfagia mais acentuada e dispneia (dificuldade para respirar ou falta de ar).
Que exames permitem o diagnóstico do câncer de laringe?
O diagnóstico pode ser feito por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
O diagnóstico do câncer da laringe se dá por meio da laringoscopia, exame que pode ser feito no consultório. Durante sua realização, é possível a coleta de fragmentos do tumor para exame histopatológico (do tecido).
A biópsia é obrigatória antes de qualquer planejamento terapêutico, pois a laringe pode abrigar tipos diversos de lesões benignas que aparentam malignidade. Ela é realizada com anestesia local, uso de endoscópios (tubos com câmeras em uma das extremidades) flexíveis ou rígidos, ou sob anestesia geral pela laringoscopia direta, caso não seja indicado o procedimento sob anestesia local. Incluem-se nesses casos pacientes com lesões mais complexas e que tenham outras condições clínicas que dificultem o procedimento.
O estadiamento (evolução) em que se encontra o tumor e suas características determinam a escolha do melhor tratamento do ponto de vista oncológico e funcional.
Quais os principais fatores de riscos deste tipo de câncer e quem faz parte do grupo de risco?
• O fumo e o álcool são os principais fatores de risco, sendo que o fumo aumenta em 10 vezes a chance de desenvolver o câncer de laringe;
• Estresse e mau uso da voz também são prejudiciais;
• Excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer de laringe;
• Exposição a óleo de corte, amianto, poeira de madeira, de couro, de cimento, de cereais, têxtil, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes orgânicos e agrotóxicos está associada ao desenvolvimento de câncer de laringe;
• Os trabalhadores da agricultura e criação de animais, indústria têxtil, de couro, metalúrgica, borracha, construção civil, oficina mecânica, fundição, mineração de carvão, assim como cabeleireiros, carpinteiros, encanadores, instaladores de carpete, moldadores e modeladores de vidro, oleiros, açougueiros, barbeiros, mineiros, pintores e mecânicos de automóveis podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença.
Existe tratamento? Quais as sequelas do câncer de laringe? Pode afetar a fala?
De acordo com a localização e a extensão do câncer, ele pode ser tratado com cirurgia e/ou radioterapia e com quimioterapia associada à radioterapia.
Quanto mais precocemente for feito o diagnóstico, maior a possibilidade de o tratamento evitar deformidades físicas e problemas psicossociais, já que a terapêutica dos cânceres da laringe pode afetar respiração, fala e deglutição.
A laringectomia total (retirada da laringe) implica na perda da voz fisiológica e em traqueostomia definitiva (abertura de um orifício artificial na traqueia, abaixo da laringe). Como a preservação da voz é importante na qualidade de vida do paciente, algumas vezes a radioterapia pode ser empregada primeiro, deixando a cirurgia para o resgate, quando a radioterapia não for suficiente para controlar o tumor.
A associação de quimioterapia e radioterapia é utilizada em protocolos de preservação de órgãos, criados para tumores mais avançados, que devem ser selecionados adequadamente. Os resultados na preservação da laringe têm sido positivos. Da mesma forma, novas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas permitindo a preservação da função da laringe, mesmo em tumores moderadamente avançados (laringectomia parcial e subtotal).
Vale ressaltar que mesmo em pacientes submetidos à laringectomia total é possível a reabilitação da voz com o uso de próteses fonatórias traqueo-esofageanas, com bons resultados funcionais e de qualidade de vida.
Como prevenir o câncer de laringe?
• Evitar o consumo de bebidas alcoólicas e manter o peso corporal adequado. Falar muito alto e sem pausas causa os chamados calos vocais.
• Pacientes com câncer de laringe que continuam a fumar e a beber têm probabilidade de cura reduzida e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor na área de cabeça e pescoço.
• Não fumar e evitar o tabagismo passivo. Parar de fumar sempre traz benefícios à saúde.
• Evitar os fatores de risco é muito importante para prevenir o desenvolvimento da doença.
O que as estatísticas revelam sobre o câncer de laringe? Que tipo de pessoa tem mais chance de contrai-lo?
Estimativa de novos casos: 7.670, sendo 6.390 em homens e 1.280 em mulheres (2018 - INCA).
Número de mortes: 4.383, sendo 3.809 homens e 574 mulheres (2015 - SIM)
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Fonte: Medicina Mitos e Verdades: oncologista Dr. René Gansl e otorrinolaringologista Prof. Dr. Laércio Mendonça Cruz; Inca (instituto Nacional de Câncer); Ministério da Saúde.
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