AIDS: tempo necessário entre o contágio do HIV e o resultado positivo do exame

AIDS: tempo necessário entre o contágio do HIV e o resultado positivo do exame

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Quanto tempo após o contágio pelo vírus HIV, o resultado do exame positiva?

Prof. Vicente Amato Neto: o vírus fica "adormecido" no organismo durante muito tempo sem provocar a doença. O teste mais comum, o ELISA, fica positivo por volta de 2 meses após a infecção em 90% das pessoas (soro-conversão entre 6 a 12 semanas pós-contato). Nos 10% restantes pode demorar um pouco mais para positivar. Existem casos em que esse período se alongou até 11 meses.

Outra observação para poder determinar o tempo exato em que o exame fica positivo após a infecção, é necessário a certeza da ocasião do contágio: uma transfusão com sangue contaminado, um acidente do profissional da saúde com paciente soropositivo, uma relação sexual contagiante ou o uso de droga injetável com agulha ou seringa contaminada. "Quando um indivíduo injeta droga em várias ocasiões e várias vezes, ou tem muitas relações sexuais e com diferentes parceiros, por exemplo, fica difícil saber em que momento ele se infectou", observa o infectologista.

Qual o tempo máximo para a certeza do diagnóstico de HIV/AIDS?

Existe uma polêmica em torno de casos em que a reação nunca foi positiva ou demorou anos para se confirmar. Conclui-se que não era AIDS, ou que o teste não foi bem feito: mas isso é raro e na maioria das vezes o teste é positivo.

Se o teste for negativo após 6 meses de um contato de risco, podemos tranquilizar o paciente de que não ocorreu a transmissão do vírus HIV.

O resultado positivo para HIV sem que paciente apresente sintomas, pode estar errado e significar falso positivo?

O fato que muitas vezes confunde as pessoas, é que o período de latência do HIV, ou seja, tempo entre o contágio e o início das manifestações da AIDS pode ser muito longo, em média de 10 anos. O paciente tem o HIV mas ainda não tem a AIDS. Se houve a contaminação, o teste ELISA necessariamente será positivo.

Os testes EIA de HIV (Elisa) e Western Blot, que geralmente são negativos ou indeterminados durante a infecção aguda pelo HIV, comumente tornam-se positivos ao longo dos próximos um a três meses. Se ambos os testes forem positivos, então a infecção pelo HIV, provavelmente, ocorreu várias semanas ou meses antes do teste.

Pessoas que doam sangue podem estar com HIV no período da doação?

No banco de sangue pode-se obter um resultado falsamente positivo através do teste ELISA, isto é, o teste é positivo e a pessoa não tem a infecção. É raro, mas pode acontecer. O sangue desse doador é desprezado e encaminham a pessoa para a avaliação médica. Cabe ao especialista saber se é um falso positivo ou não, e fazer novamente o teste para confirmação.

Em termos de transfusão de sangue, o ideal é usá-la somente quando absolutamente necessário. Com o advento da AIDS, atualmente já se utilizam técnicas, como a transfusão casada: a pessoa que precisa de sangue, pede para uma outra que não oferece risco, ou a autotransfusão programada, paciente que antes de uma cirurgia programada, coleta e armazena seu próprio sangue para eventual necessidade. Se não for necessário, o mesmo será usado para outro paciente.

É fundamental que o doador de sangue tenha consciência que este gesto é para salvar uma vida. Se ele tem dúvidas sobre situações ou comportamentos que possam oferecer riscos não deve doar sangue em hipótese nenhuma. Leia o artigo completo: Dúvidas sobre doação de sangue

Quais exames podem acusar resultados falso-positivo? Existem exames mais rápidos para detecção do vírus HIV?

Os testes rápidos de HIV, feitos no sangue (como e ELISA) ou em fluidos orais, são testes de anticorpos. O exame de sangue normal de anticorpos de HIV (Elisa) pode ter resultado negativo ou indeterminado para alguém com infecção aguda pelo HIV. Quando os testes EIA de HIV (Elisa) e Western Blot são negativos ou indeterminados durante a infecção aguda pelo HIV, comumente tornam-se positivos ao longo dos próximos um a três meses. Entretanto, se ambos os testes forem positivos, então a infecção pelo HIV, provavelmente, já ocorreu há várias semanas ou meses antes da realização do teste.

O outro tipo de teste de HIV procura o próprio vírus (é chamado frequentemente de RNA do HIV ou de carga viral). Este teste detectará o vírus e fornecerá um resultado positivo logo após a infecção (em cerca de cinco dias). Por isso é um teste importante para diagnosticar as pessoas recentemente infectadas pelo HIV.

Um resultado negativo ou indeterminado em um teste de anticorpos do vírus e um resultado positivo em um teste de RNA sugerem fortemente infecção aguda pelo HIV.

E quanto ao teste de farmácia pela saliva?

São testes que detectam o vírus por meio do fluido oral. O resultado sai em 20 minutos, mas só é possível detectar o vírus se o contágio tiver ocorrido há mais de três meses.

Outra iniciativa é o teste rápido oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Qualquer pessoa pode realizá-lo de forma anônima. Para realizar o teste gratuitamente, basta ir até um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Além do teste para o HIV, é possível realizar o exame para identificar sífilis e hepatites B e C.

Como funciona o teste e após quanto tempo se tem o diagnóstico?

É como se fosse um exame de glicose. Por meio de uma agulha fina e indolor, é retirada uma pequena quantidade de sangue, que é colocada no orifício do aparelho. O resultado é rápido: entre 30 minutos e uma hora. Se der positivo, aparece uma linha no visor do aparelho utilizado para a coleta do sangue.

Mas não esqueça: se a pessoa foi contaminada recentemente, o resultado pode ser negativo. O Ministério da Saúde orienta que a pessoa espere entre 30 e 60 dias após a suspeita de exposição ao vírus para a realização do teste. Nesse intervalo de tempo, ocorre a produção de anticorpos anti-HIV no sangue, que confirma a infecção. A recomendação é que toda pessoa com vida sexual ativa realize o teste.

O que é feito após o resultado?

Quando a infecção é comprovada, o paciente recebe a orientação necessária e é encaminhado para um serviço de saúde, onde terá o acompanhamento adequado. Se for negativo, o médico reforça a importância da prevenção.

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Conteúdo do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel ). Perguntas e Respostas. Capítulo de Infectologia. Médico responsável: Prof. Vicente Amato Neto. Ex-Presidente da Comissão Nacional de AIDS, do Ministério da Saúde. Ministério da Saúde.