Afta, herpes labial ou sapinho? Reconheça as diferenças

Afta, herpes labial ou sapinho? Reconheça as diferenças

Apesar das lesões bucais serem confundidas, trata-se de doenças bem diferentes. Afta, herpes labial e sapinho têm causas e tratamentos distintos. Além disso, as aftas, apesar de também dolorosas, não são contagiosa e nem transmissível.

A afta (úlcera aftosa) é bastante comum e chega afetar 20% da população. Elas têm a aparência de pequenas lesões esbranquiçadas ou amareladas, com bordas vermelhas e surgem do lado de dentro da boca. Costumam estar localizada na gengiva, bochecha e na parte interna dos lábios.

O primeiro sinal da afta é uma pequena mancha vermelha que provoca dor e sensação de queimação. Na sequência, se transforma em uma espécie de bolha arredondada ou oval, e a maioria delas mede menos de 8 milímetros. As aftas podem ser múltiplas ou solitárias e duram cerca de 7 a 10 dias. Os primeiros 3 a 5 dias são os mais doloridos. Com ou sem tratamento, ela some totalmente e não deixa cicatrizes. O tratamento visa apenas, aliviar os sintomas. Para saber mais sobre os tipos e tratamentos para aftas e as causas de aftas simples, graves ou recorrentes (que vai e volta frequentemente), clique no link.

Sapinho é o termo popular para monilíase ou candidíase oral, que são lesões que aparecem na boca, esbranquiçadas, semelhantes a “coalho de leite” com base avermelhada. É mais comum em crianças e é contraída através do contato com fungo pelas mãos dos pais ou cuidadores que se contaminam após uso de sanitários, ou manipulando outras crianças com o mesmo problema. Outra forma de transmissão é o contato nas regiões de assadura que possam conter o mesmo fungo na própria criança. Sendo assim o sapinho é um tipo de micose. É mais comum em bebês, pois eles ainda não desenvolveram totalmente a imunidade responsável pelo controle deste tipo de infecção. O hábito das crianças em colocar todos os objetos na boca, da mesma forma, é um facilitador da contaminação.

Também pode surgir em pessoas com o sistema imunológico debilitado, após uso prolongado de antibióticos, portadores de boca seca ou ponte móvel. Apesar de localizarem-se dentro da boca, a candidíase se diferencia das lesões do herpes labial e das aftas por se apresentarem na forma de manchas/placas esbranquiçadas, principalmente na língua ou bochechas. O tratamento é com medicamentos antifúngicos.

A candidíase oral (sapinho) pode contaminar os mamilos da mãe com o fungo durante o aleitamento. Por isso, pediatras repetem sempre sobre a importância da higienização de objetos de uso pessoal como chupetas e mamadeiras. Leia o artigo: até que idade é importante esterilizar mamadeira e chupetas?

Segundo a central de candidíase, em relação a transmissão, é uma questão que sempre confunde a cabeça dos pacientes, mas de modo descomplicado a resposta é que o fungo causador da candidíase oral que pode ser transmissível e não a doença em si. Afinal, é a partir da baixa imunidade do corpo que o fungo se prolifera e, então, a doença se instala. Por isso é mais frequente em crianças e bebês pois o sistema imunológico ainda não está completamente desenvolvido.

Nos adultos, o beijo e o contato íntimo desprotegido são as principais formas de transmissão do fungo pela via oral. Como acabamos de ver, são meios que transmitem a Candida albicans e não a doença.

Na maioria dos casos, o fungo já estava adormecido no organismo e a baixa imunidade o faz eclodir. Isso porque é um dos micro-organismos que colonizam a cavidade oral desde o nascimento. E, como tal, faz parte da chamada microbiota normal. Ou seja, é parte do conjunto de bactérias, fungos e protozoários que ajudam a garantir o funcionamento do sistema digestivo. O uso de antibióticos, por exemplo, é um fator que propicia o aparecimento de fungos pois altera a flora microbiana (clique no link e leia o artigo). Considerado como um fungo saprófita, a Candida albicans se alimenta de matéria orgânica em processo de decomposição. Isto é, atua como uma recicladora no sistema imunológico. Leia o artigo sobre os tipos de candidíase

Para tratar sapinho na boca, os especialistas costumam receitar o uso de antifúngicos em gel ou líquidos e enxaguantes bucais. Um remédio geralmente indicado é a Nistatina, que deve ser consumida quatro vezes ao dia por pelo menos uma semana.

Nos casos mais leves da doença, o uso de enxaguante bucal para bochecho já é o suficiente para combater o sapinho. Já nos graves, o tratamento pode ser realizado com remédios antifúngicos orais como o Fluconazol em comprimido por até duas semanas. Consulte seu médico. Não tome medicamentos por conta própria.

Para complementar o tratamento recomendado, também é preciso ter atenção a cuidados básicos de higiene oral como escovar os dentes e a língua após as refeições.

Vamos agora ao herpes labial, doença altamente contagiosa e transmissível e, diferente da afta que se localiza dentro da boca, o herpes se apresenta ao redor dos lábios (menos frequentemente, debaixo do nariz ou queixo). Enquanto as bolhas da afta podem surgir isoladas ou múltiplas, o herpes sempre se apresenta em grupo de bolhas. Também são extremamente dolorosas e uma vez contaminado, o vírus permanece para sempre no organismo. Durante a vida, pode voltar a se manifestar sempre que a pessoa tiver uma queda de imunidade. Portadores de herpes ativo que compartilham copos, talheres ou beijam na boca, por exemplo, transmitem o vírus com muita facilidade.Tire todas as suas dúvidas sobre o herpes labial e genital clicando no link azul.

E agora você já descobriu qual a doença na imagem deste artigo? A língua branca em placas representa a candidíase. E lembre-se, bolhas na parte externa dos lábios, quase sempre é herpes. No interior da cavidade oral, normalmente são aftas.

Conteúdo exclusivo do site medicina mitos e verdades. Médico responsável Prof. Dr. Luiz Carlos Cucé (dermatologia), Claudio Schvartsman (pediatria), Vicente Amato Neto (infectologia)