TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo

TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Ideias que se repetem, preocupações constantes, medos exagerados. Isso pode ser Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Infelizmente, o TOC passa despercebido com muita frequência e tende a ser subdiagnosticado e subtratado por diversos motivos. Isso ocorre porque quem sofre com TOC costuma tentar resolver por conta própria um problema que se apresenta a todo o momento. A pessoa sente-se obrigada a realizar certos comportamentos que contrariam a sua vontade. Na maioria dos casos guarda esse problema em segredo, porque, frequentemente, tem vergonha de falar sobre ele. O transtorno obsessivo-compulsivo é uma doença mental crônica (transtorno psiquiátrico), faz parte dos transtornos de ansiedade e se manifesta pela presença e sintomas que denominamos obsessões e/ou compulsões.

Obsessões são pensamentos ou ideias, impulsos, imagens ou cenas que invadem a mente do indivíduo de modo persistente, podendo ou não ser seguidos de comportamentos (manias) para neutralizá-los. São sentidos como estranhos e intrusivos, causando aumento da ansiedade e grande desconforto. O indivíduo tenta não pensar ou eliminar o desconforto com atos ou com outros pensamentos. No entanto, percebe que os pensamentos vêm de sua mente, e não de fora. Sabe que não fazem sentido, percebe o caráter irracional das obsessões que passam a ocupar seu tempo e atrapalhar suas atividades normais (seu trabalho, seu relacionamento familiar etc.).

Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa é levada a realizar para diminuir a ansiedade gerada pelas obsessões. Esses comportamentos ou atos mentais são claramente excessivos e se destinam a prevenir ou reduzir o desconforto gerado pelas obsessões. No entanto, pode haver também compulsão sem presença de obsessão.

É importante lembrar que comportamentos obsessivos e compulsivos são necessários em muitos momentos da vida. Por exemplo, para se estudar bem algo difícil, é preciso um cuidado um tanto que obsessivo, tendo muitas vezes que reler e relembrar o assunto algumas vezes. Para garantir que um bebê sobreviva nos primeiros meses de vida, os pais precisam lembrar sempre de alimentá-lo, não deixá-lo em lugares em que possa cair, limpá-lo e tantos outros cuidados. Ou seja, esses são comportamentos que garantem a sobrevivência de todos nós e que foram selecionados durante o processo de evolução.

Assim, embora sejam comportamentos presentes em toda espécie humana, o que determina o TOC é o grau de intensidade, sofrimento e incapacidade causada por esses comportamentos. E vários fatores ao mesmo tempo podem determinar isso, tais como: características genéticas, história de vida de cada um, o ambiente e a cultura na qual vivemos.

Esses comportamentos podem ser confundidos facilmente com preguiça ou manipulação. É essencial que você aprenda a ver essas características como sinais do TOC e não traços de personalidade. Dessa forma, você pode juntar-se à pessoa com TOC na luta contra os sintomas, em vez de ficar excluído, sem entender o que ocorre. Pessoas com TOC, geralmente, referem que quanto mais criticados são, mais os sintomas pioram!

Boa parte das pessoas com TOC se esforçam para se libertar dos pensamentos obsessivos e para evitar os comportamentos compulsivos. Muitas conseguem controlá-los quando estão no trabalho ou na escola. As pessoas com TOC, geralmente, têm consciência do seu problema. Na maioria das vezes, elas sabem que seus pensamentos obsessivos são sem sentido ou exagerados e que seus comportamentos compulsivos não são realmente necessários para o fim a que aparentemente se destinam. Entretanto, tal conhecimento não é suficiente para se livrar da doença.

Há várias formas do TOC se manifestar. A mais comum é aquela na qual as compulsões aparecem relacionadas às obsessões. Mas pode ocorrer de o indivíduo apresentar apenas obsessões ou apenas compulsões. Ou seja, uma pessoa pode ter apenas pensamentos sem fazer nenhum ritual para aliviar. Ou ainda, aquela que tem de fazer algo para se livrar de um incômodo, muitas vezes físico, e não de um pensamento ou imagem.

A maior parte das pessoas com TOC apresenta um vaivém do problema, devido ao curso, às vezes, flutuante da doença. Você pode se desapontar se tiver a expectativa de que se os sintomas forem embora, isso será para sempre. Algumas pessoas podem ter um episódio único, sem ter os comportamentos pelo resto da vida. Entretanto, isso não é muito comum. Quando se trata de TOC, devemos pensar mais em controle do que em cura, tal como o diabetes ou a hipertensão. Ou seja, é possível controlar o problema para se viver bem, sem tanto sofrimento, mas, às vezes, não é possível acabar com o problema.

É muito comum o comportamento aparecer ou, ainda, reaparecer em períodos estressantes da vida ou de mudanças, que podem incluir até momentos alegres e mudanças positivas. Em geral, qualquer mudança é complicada para quem tem TOC, mesmo quando for boa para a pessoa.

Existem também casos, em que o indivíduo passa a evitar as situações que o induzem à certas obsessões e compulsões. Por exemplo, quando o banho envolve muitos rituais, tomando muitas horas, pode acontecer da pessoa começar a evitar tomar banho. Ou então, quando alguém muda o seu caminho para o trabalho para não ter de passar perto de um cemitério.

Lembre-se: um pensamento ou comportamento só é considerado obsessão ou compulsão se não puder parar com ele, se interferir na vida de maneira importante e, ainda, se perder muito tempo lutando contra ele.

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O que acontece no cérebro de quem tem TOC
Possíveis causas do TOC
As obsessões e compulsões - Transtornos de Personalidade

Matéria do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel)- 8ª edição. Dra. Alexandrina Maria Augusto da Silva Maleiro.