Endometriose

Endometriose

Cerca de 15% das mulheres brasileiras com idade entre 15 e 45 anos sofrem da endometriose. Segundo o ginecologista Prof. Dr. Thomaz Gollop apesar da endometriose ainda não ter uma causa muito bem estabelecida, existem várias teorias, uma das quais seria o refluxo do sangue menstrual através das trompas - veja a ilustração. É importante salientar que deverá existir um mecanismo imunológico e, possivelmente, genético na determinação da endometriose.

A doença é caracterizada pelo acúmulo de células endometriais ao redor no útero, como ovário, intestino e bexiga. Ela também é a principal responsável pela infertilidade das mulheres no país, respondendo por até 60% dos casos. O quadro clínico é constituído por:

• Cólicas e dor pélvica que tende a piorar na fase menstrual e acentuação da tensão pré-menstrual (TPM);

• Dor para evacuar;

• Dor no fundo da vagina e desconforto durante a relação sexual.

O ginecologista e diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Delzio Bicalho, destaca que o outro complicador para o aumento dos índices da doença é o próprio estilo de vida da mulher moderna, que adia cada vez mais a gravidez e passa anos menstruando: "Quanto mais a mulher menstruar maiores serão os riscos desse fluxo ir para outras cavidades e não ser absorvido normalmente." Clique no link para ler: Menstruar ou interromper a menstruação

Esse é o cenário que médicos e pacientes têm atualmente e, por isso, novos conceitos e resoluções precisam ser tomados avaliando essa nova condição da mulher. Ter atenção logo nos primeiros indícios de dores no abdome, cólicas menstruais intensas e dor durante as relações sexuais é fundamental. As pacientes também devem estar atentas e sempre que possível procurar ajuda médica.

A principal medida informada na diretriz e, talvez a mais complexa, é a mudança de mentalidade dos médicos e dos especialistas sobre a doença. “A endometriose não tem diagnóstico fácil. O diagnóstico já é uma cirurgia, que é a laparoscopia e outros procedimentos minimamente invasivos que tratam a doença no mesmo momento que a descobrem. O mais importante é que médicos percebam desde o início indícios de um quadro que pode desencadear a endometriose. Um exemplo: em adolescentes que têm cólicas intensas e precisam tomar injeções para controlar a dor, já se recomenda o uso de anticoncepcional, que alivia as cólicas e melhora o quadro evolutivo da endometriose”, informa o especialista.

Mesmo sendo frequente nas mulheres, a investigação e o tratamento da doença são complexos, podendo levar de 10 a 14 anos para ser descoberta. Para promover uma mudança nesse cenário, recentemente, foi publicada na revista especializada Human Reproduction, a primeira Diretriz Mundial sobre Endometriose. O documento visa alertar médicos sobre os riscos da doença com as melhores evidências científicas e recomendações clínicas para identificar e antecipar o tratamento.

O ginecologista Prof. Dr. Thomaz Gollop, indica na suspeita de endometriose, a ecocolonoscopia e ultrassonografia pélvica com preparo intestinal.

O diagnóstico é feito frequentemente por meio da laparoscopia (exame realizado por uma pequena incisão no umbigo pela qual é introduzido um instrumento óptico), sendo a endometriose facilmente identificada pela presença de lesões achocolatadas. Nessa ocasião, é feita a biópsia para confirmação de diagnóstico e tratamento inicial por meio da retirada das lesões suspeitas que se distribuem nos ovários, trompas, útero, peritônio e intestino.

Além do tratamento cirúrgico, o Prof. Gollop orienta com frequência o tratamento hormonal complementar, cuja finalidade é promover a regressão dos focos não visíveis da endometriose.

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