Dores, problemas e cuidados com a boca do idoso

Dores, problemas e cuidados com a boca do idoso

No decorrer dos anos, a boca assim como todo o corpo, passam por uma série de transformações. Porém, isso não significa que seja difícil conquistar um sorriso saudável na terceira idade. Dedicando-se a saúde oral, é possível reduzir os desgastes do envelhecimento e aumentar os fatores de proteção.

Entenda as transformações da boca

Na terceira idade, os tecidos bucais e os ossos se tornam mais frágeis. As mucosas se revelam finas e sensíveis, e o periodonto (tecido que segura o dente ao osso) pode alcançar facilmente a raiz. É comum ocorrer à retração da gengiva aumentando as chances da chamada “carie de raiz”, e a hipersensibilidade da dentina.

A capacidade de mastigação também é reduzida e os dentes tendem a escurecer. A saliva diminui em quantidade o que provoca o agravamento das doenças da boca, principalmente, a perda de dentes. As principais razões para a perda dos dentes são às caries e as doenças periodontais, e é possível preveni-las com a escovação e higiene adequada, além de tratamentos regulares com flúor.

A cárie é formada pelas bactérias que vivem na boca. Elas se alimentam do açúcar presente na comida, produzindo ácidos que atacam os dentes. Além disso, os restos de comida formam uma película sobre o dente que, com o tempo, endurecem: é a chamada placa bacteriana. Essas placas são a causa das doenças periodontais que inclui a gengivite (inflamação da gengiva) e a periodontite (destruição dos tecidos de suporte dos dentes e exposição da raiz). Tudo isto pode ocorrer em qualquer idade, agora imagine o estrago na boca do idoso que já tem os tecidos e ossos mais frágeis! Leia o artigo: causas dos dentes moles, sangramento na gengiva e mau hálito

Vamos prevenir?

Escovação dos dentes: é fundamental escovar os dentes após cada refeição e antes de dormir. Posicione a escova entre o dente e a gengiva e faça movimentos circulares, dando atenção a todos os dentes. O movimento deve ser suave. Não é o uso da força que torna os dentes mais limpos. Pelo contrário. Você pode ferir sua gengiva e “conquistar” mais um problema.

Tipo de escova: opte pela que tenha o tamanho adequado a sua boca e com cerdas macias para não machucar a gengiva. Quando você perceber desgaste nas cerdas, troque por uma escova nova. Limpe também a língua, movimentando a escova da parte interna até a ponta, como se estivesse “varrendo”. Alguns modelos possuem relevo na parte traseira que ajudam na limpeza. Você também pode higienizar a língua com limpadores apropriados a esta finalidade. E saiba que a língua suja intensifica o mau hálito.

Fio dental: o uso do fio dental é importante para eliminar os resíduos que a escova não consegue limpar. Passe entre todos os dentes com cuidado para não ferir a gengiva. Jamais dispense o fio dental. Ele deve fazer parte da rotina da escovação.

Pasta de dente: prefira o creme dental com maior teor de flúor, que protege os dentes e ajuda a evitar as cáries. Observe a embalagem.

Escovas especiais para próteses fixas (coroas, jaquetas etc): nas farmácias é possível encontrar escovas interdentais e passadores de fio específicos que facilitam a limpeza dos espaços entre os dentes nestas condições.

Próteses parciais ou totais (pontes móveis, dentaduras etc): existem escovas apropriadas para quem usa próteses parcial ou total, e a escovação deve ser feita da mesma forma já indicada acima. As placas bacterianas também se formam sobre as próteses. Tenha sempre dois tipos de escova: uma específica para a prótese e outra macia ou extramacia para os dentes naturais.

Antes de dormir é fundamental retirar a prótese e colocá-la em um recipiente com água. Duas vezes na semana, faça a higienização com soluções específicas à venda nas farmácias (observe o modo de usar). Como alternativa caseira, basta deixar a prótese de molho por 1 hora no vinagre branco, ou adicionar 3 gotas de água sanitária em meio copo com água, por 30 minutos. Antes de recoloca-la na boca, enxague bem em água corrente e faça a higiene da gengiva, língua e céu da boca.

Não tente fazer o polimento na prótese com qualquer tipo de pó, pois podem conter ácidos na composição provocando microporosidades no material. As próteses, nessas circunstâncias, tendem a reter partículas de alimentos que além de deixá-las com aspecto feio e desagradável, causam um péssimo odor. Leia também: como evitar a perda de dentes na velhice

Um problema muito comum no idoso e que merece atenção especial é a boca seca. A redução na quantidade de saliva é natural na terceira idade, mas pode ser agravada tanto pelo uso de medicamentos como por problemas de saúde. Entre os medicamentos podemos citar os anti-hipertensivos, os antidepressivos, os ansiolíticos, os anticolinérgicos, os anti-histamínicos, e procedimentos específicos, como a terapia radioativa para o tratamento do câncer. Muitas doenças provocam a xerostomia (boca seca), principalmente o diabetes e as doenças autoimunes. É importante buscar ajuda profissional já que uma das funções da saliva é proteger os dentes. A xerostomia também compromete o paladar, a fala, dificulta a mastigação e a deglutição dos alimentos. Nos usuários de próteses, essa situação é ainda mais grave, pois além de causar incômodos, aumentam os riscos de lesões bucais.

Visite o dentista regularmente. Entre uma consulta e outra, caso verifique qualquer alteração nas gengivas, céu da boca, língua por cima e abaixo, ou bochechas, manchas, caroços, placas esbranquiçadas ou avermelhadas, feridas mesmo indolor e não deixe para depois. O diagnóstico precoce facilita a cura é fundamental para a prevenção. Leia também: Lesões na boca, sintomas e tratamento do câncer de boca