Causas e sintomas do deslocamento prematuro da placenta
Descolamento prematuro da placenta significa que a placenta se desgrudou do útero antes da hora do parto. Nesta situação, o feto pode ficar sem oxigênio, o que causa a morte fetal. A mulher, por sua vez, pode ter uma hemorragia interna, porque se forma um enorme coágulo entre a placenta e a parede do útero endurecido, provocando uma contração permanente do útero, que tende a ser muito dolorosa. O sangue pode ficar retido ou causar hemorragia (sangramento vaginal). É uma das piores complicações obstétricas e ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações, geralmente,no terceiro trimestre da gravidez. Esta patologia é mais comum em pacientes com hipertensão.
Sintomas característicos do descolamento prematuro da placenta
• Sangramento vaginal de quantidade variável;
• Dor abdominal, podendo existir ou não o sangramento vaginal. A dor varia de leve desconforto até dor intensa, associada a aumento do tônus uterino, que pode se manifestar em graus variados.
• A dor pode ser também lombar;
• Persistência da dor entre as contrações no trabalho de parto.
O sangramento no descolamento prematuro da placenta pode se manifestar das seguintes maneiras
• Hemorragia exteriorizada: sangramento vaginal (veja ilustração) ;
• Hemoamnio: sangue misturado com líquido da bolsa amniótica;
• Sangramento retroplacentário: o sangue é oculto pois está retido atrás da placenta.
Atenção
• A quantidade do sangramento exteriorizado pode não refletir a exata perda sanguínea pela existência de sangue retido dentro do útero.
• Sangramento de coloração escurecida pode refletir a presença de formação de coágulo no espaço retroplacentário (coágulo retido entre a placenta e a parede do útero).
O descolamento da placenta pode ser parcial ou total e é classificado em três graus que varia de acordo com a gravidade:
• Grau 1 (leve)
- O sangramento vaginal é discreto sem hipertonia uterina significativa;
- A vitalidade do feto fica preservada;
- Geralmente é diagnosticado durante a gravidez como achado casual durante a ultrassonografia ou apenas após o parto pela existência de coágulo retroplacentário (sangue coaguladona placenta).
• Grau 2 (moderado)
- Sangramento vaginal (presente em 80% dos casos, sangue escuro) - ver foto;
- Dor abdominal súbita e intensa;
- Hipertonia Uterina (contração prolongada), útero doloroso à palpação;
- Ausculta fetal difícil ou ausente;
- Aumento progressivo do volume uterino provocado por hemorragia oculta (sangue retido);
- Bolsa das águas tensa;
- Taquicardia, aumento da pressão arterial materna ou hipotensão secundário ao choque hipovolêmico .
• Grau 3 (grave)
- Sangramento vaginal intenso com hipertonia uterina;
- Hipotensão arterial materna, choque hipovolêmico;
- Óbito fetal.
Causas do descolamento prematuro da placenta:
• Hipertensão (hipertensão gestacional ou hipertensão preexistente, anterior à gravidez);
• Rotura prematura de membranas ovulares;
• Cesariana anterior;
• Tabagismo;
• Idade materna avançada;
• Uso de drogas (álcool, cocaína e crack);
• Condições que causem distensão excessiva do útero: excesso de líquido amniótico ao redor do feto e gestação gemelar;
• Trauma interno: cordão umbilical curto, movimentos fetais excessivos.
• Trauma externo: acidente automobilístico ou trauma abdominal direto (queda ou violência física);
• Descolamento prematuro da placenta em gestação anterior;
• Amniocentese, cordocentese (exames gestacionais).
Diagnóstico
No grau 1, normalmente, o diagnóstico é conhecido apenas no pós-parto, portanto, não houve repercussões maternas ou fetais. A ultrassonografia, ao contrário da placenta prévia, tem um papel muito limitado nessa condição. No descolamento prematuro da placenta agudo, muitas vezes o coágulo retroplacentário pode não ser visível no exame. Os achados ultrassonográficos, se presentes, são presença de coágulo retroplacentário, espessamento anormal da placenta e bordo placentário sem continuidade (borda “rasgada”).
Exames laboratoriais: os exames que devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de descolamento prematuro da placenta são:
• Hemograma com contagem de plaquetas;
• Tipagem sanguinea ABO Rh;
• Coagulograma;
• Exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado.
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Fonte: Ministério da saúde; capítulo de obstetrícia do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel) - Médico responsável Prof. Dr. Thomaz Gollop.
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