Remédio para emagrecer faz mal?
Sabendo que todas as drogas para emagrecer podem causar malefícios a saúde, até que ponto é válido tomá-las? Como agem esses remédios? Quais as consequências e sequelas?
Antes de tudo, os medicamentos que podem auxiliar no tratamento do paciente obeso são fundamentais para muitos indivíduos. O mau uso desses medicamentos é que pode ser perigoso. De um lado, há alguns médicos inexperientes e/ou negligentes que, movidos pela ganância, prescrevem-nos indiscriminadamente e sem critério. De outro lado, o paciente obeso com frequência exibe um perfil de ingenuidade e credulidade, que o torna presa fácil de promessas de emagrecimento sem sacrifício.
Os medicamentos anti-obesidade são agentes farmacológicos seguros quando em mãos habilitadas e usados criteriosamente, respeitando suas indicações, interações e contraindicações. A posição médica absolutamente contrária a utilização desses medicamentos no tratamento da obesidade revela inexperiência clínica, enquanto a prescrição indiscriminada sinaliza desonestidade e falta de ética.
A maioria dos medicamentos que diminuem o apetite agem em regiões do cérebro responsáveis pela fome (sensação que antecede o ato de comer) e/ou pela saciedade (sensação que progressivamente se instala durante o ato de comer).
Existem medicamentos que são melhores para indivíduos que comem excessivamente as refeições e outros que funcionam melhor em pacientes com hábito alimentar "beliscador" ou "compulsivo".
O uso racional dos medicamentos para emagrecer aumenta a aderência ao tratamento dietético e comportamental, elevando as chances de se atingir e manter um peso aceitável do ponto de vista médico e, em alguns casos, do ponto de vista estético também.
É importante frisar que o objetivo principal do tratamento da obesidade é a correção de anormalidades do metabolismo, que causam doenças por vezes fatais. Porém, o bem-estar psicossocial que se associa a melhora da silhueta do paciente, sem dúvida, também é importante, uma vez que o paciente obeso é vítima frequente de discriminação por parte da sociedade, tendo um índice de desemprego e de desajuste social elevado.
Quando as contraindicações e interações desses medicamentos são respeitadas, os efeitos colaterais são infrequentes e limitados. É evidente que esses efeitos são proporcionalmente maiores quando são utilizadas doses elevadas e associações inadequadas. A dependência a medicamentos moderadores do apetite é rara, para não dizer excepcionalmente rara. O que pode ocorrer é a dependência a tranquilizantes frequentemente prescritos em associação a esses medicamentos, embora a dose habitualmente utilizada seja pequena.
O tratamento com remédios deve ser indicado apenas quando o tratamento dietético e o incentivo a atividade física não estão funcionando ou em casos que, obviamente, o indivíduo vai necessitar de remédios.
Que tipo de substância contida nos moderadores de apetite provocam irritabilidade no paciente? Por que a necessidade desta substância neste tipo de medicação?
Os remédios anti-obesidade de ação central atuam no cérebro inibindo substâncias que favorecem a fome ou estimulando substâncias que induzem a falta de apetite. Porém, estas substâncias podem, também, atuar aumentando a irritabilidade, o que é variável de indivíduo para indivíduo.
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Fonte: Capítulo de endocrinologia do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). Médico responsável Prof. Dr. Alfredo Halpern. *Matéria do livro. Perguntas e Respostas em 22 especialidades médicas.
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