Câncer de esôfago: dificuldade para engolir é um dos sintomas

Câncer de esôfago: dificuldade para engolir é um dos sintomas

O esôfago é um tubo de paredes musculares que tem a função de transportar os alimentos e líquidos da faringe ao estômago. Assim que o alimento chega ao esôfago, ele se contrai e de contração a contração empurra o bolo alimentar até o estômago. Esses movimentos são chamados de movimentos peristálticos.

O câncer de esôfago assim como os outros tipos de câncer não apresenta sintomas na sua fase inicial. À medida que a doença avança, alguns sintomas são característicos e pode se fazer presentes, tais como:

• Dificuldade ou dor para engolir (disfagia): no início o problema se resume a alimentos sólidos. Com o progresso da doença, o problema inclui os alimentos pastosos e por fim, os líquidos;

• Sensação que a comida ainda está na garganta;

• Dor torácica: no retroesternal (atrás do osso do meio do peito), muito parecida com a dor de origem cardíaca. O esôfago está muito próximo ao átrio esquerdo do coração e distúrbios esofágicos provocam dores que se confunde com as de origem cardíaca.

• Náuseas e/ou vômitos;

• Perda de apetite: a perda de peso pode chegar até 10% do peso total do paciente.

Quais as causas do câncer de esôfago?

Alguns fatores e doenças estão relacionados ao surgimento do câncer de esôfago. A detecção precoce é fundamental já que este tipo de câncer é muito agressivo. A parede do esôfago tem quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular própria e adventícia. Diferentemente do resto do trato gastrintestinal, o esôfago não possui membrana o que o torna mais exposto e desprotegido.

O câncer começa no esôfago e à medida que cresce se espalha para fora onde ocorre infiltração das células cancerosas em estruturas vizinhas ao órgão, disseminação para os gânglios linfáticos e metástases (surgimento da doença em órgãos distantes) com grande frequência (veja a imagem).

As causas mais frequentes e doenças que podem preceder este tipo de câncer são:

• Consumo exagerado de bebidas alcoólicas;

• Tabagismo: quanto maior a duração do hábito, maior o risco;

• Obesidade;

• Dieta pobre em frutas e vegetais;

• Síndrome de Plummer-Vinson: deficiência de ferro;

• Consumo de líquidos muito quentes: queimaduras no esôfago;

• Acalasia: falta de relaxamento do esfíncter entre o esôfago e o estômago;

• Pacientes que sofrem de refluxo gastroesofágico (clique no link e leia o artigo completo);

• Doenças como megaesôfago chagástico (da doença de Chagas): aumento do esôfago por disfunção da musculatura do órgão levando a dilatação e perda da função;

• Esôfago de Barret em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico. Esôfago de Barret é quando as células normais do esôfago sofrem alterações e dão origem a células gástricas;

• Pacientes que já tiveram câncer de cabeça, pulmão ou pescoço;

• Idade: raro em pessoas abaixo de 40 anos. O risco aumenta com a idade;

• Sexo: é 3 vezes mais frequente em homens;

• Raça: indivíduos de raça negra são mais acometidos;

• Tilose: pessoas que tem o espeçamento da pele nas palmas das mãos e na planta dos pés. Em geral, desenvolve-se na segunda infância e se acentua em áreas de pressão. Os pacientes com tilose palmo-plantar forma epidermolítica apresentam uma chance até 40% maior de desenvolver carcinoma de células escamosas do esôfago. A associação de tilose palmo-plantar com neoplasia esofágica é denominada síndrome de Howel-Evans. Hoje já se advoga a herança ligada ao X para essa doença. Os pacientes devem ser acompanhados no intuito de rastrear e diagnosticar precocemente as alterações esofágicas.

Quais os tipos de câncer de esôfago?

O tipo de câncer de esôfago mais frequente é o carcinoma epidermoide escamoso, responsável por 96% dos casos. Esse tumor acomete principalmente o terço superior e médio (mais de 80% dos casos) do esôfago e grande parte dos pacientes são fumantes e/ou têm histórico de excesso de ingestão alcoólica.

O adenocarcinoma surge no terço inferior do esôfago, na presença de refluxo gástrico crônico e metaplasia gástrica do epitélio (esôfago de Barret) e é mais comum em brancos.

Existe uma forte relação entre sua incidência e indivíduos obesos (IMC >30 Kg/m2 ). O adenocarcinoma desenvolve-se no interior do epitélio colunar displásico principalmente na junção esôfago-gástrica/cárdia (parte que une o esôfago com o estômago).

Estudos indicam uma provável associação entre a colecistectomia e o risco elevado de adenocarcinoma do esôfago, possivelmente por uma toxicidade do refluxo duodenal na mucosa esofagiana. Por motivos ainda não esclarecidos, a incidência de câncer epidermoide de esôfago diminuiu tanto na população negra quanto na branca nos EUA nos últimos 20 anos, enquanto se constatou uma notável elevação na taxa de adenocarcinomas, particularmente em homens brancos nesse país.

Que tipos de exames devem ser realizados para o diagnóstico do câncer no esôfago?

É feito através da endoscopia digestiva (exame de imagem que investiga o interior do tubo digestivo), de estudos citológicos (das células) e de métodos com colorações especiais. Com o diagnóstico precoce, as chances de cura atingem 98%. Na presença de disfagia (dificuldade de engolir) para alimentos sólidos é recomendado estudo radiológico contrastado e também endoscopia com biópsia ou citologia para confirmação.

Tratamento

Cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinadas, de acordo com o tipo de tumor, do estadiamento e das condições do paciente.

Para tumores iniciais pode ser indicada a ressecção endoscópica (retirada do tumor com acesso pela boca, sem necessidade de cortes). No entanto, este tipo de tratamento é bastante raro.

Na maioria dos casos, a cirurgia está indicada.

Dependendo da extensão da doença, o tratamento pode ser unicamente paliativo (sem finalidade curativa), através de quimioterapia ou radioterapia.

No leque de cuidados paliativos também dispõe-se de dilatações com endoscopia, colocação de próteses autoexpansivas (para impedir o estreitamento do esôfago) e braquiterapia (radioterapia com sementes radioativas).

O médico irá avaliar e propor a melhor alternativa para o tratamento ou alívio dos sintomas.