Poliomielite e paralisia infantil: corrida contra o tempo

Poliomielite e paralisia infantil: corrida contra o tempo

Bastam cinco dias para ocorrer à perda de força da perna seguida de paralisia. Esta é a forma paralítica da poliomielite, doença infectocontagiosa causada por um vírus que vive no intestino. De fácil transmissão, o simples contato com secreções eliminadas pela boca de pessoas infectadas ou pelo contágio com fezes, água ou alimentos contaminados já é suficiente para a doença se instalar. O Poliovírus entra na corrente sanguínea e consegue alcançar o sistema nervoso. Se atingir os músculos respiratórios pode, inclusive, levar à morte.

O vírus da poliomielite é forte e resistente e a vacina é a única forma de prevenção. Da mesma forma, é muito difícil identificar quem está contaminado já que os sintomas podem não existir ou ser confundidos com uma gripe. O fato do portador do vírus desenvolver a poliomielite na forma mais benigna não significa que o receptor do vírus não seja acometido pela forma paralítica. Até porque a transmissão ocorre com mais frequência por meio de pessoas que não desenvolveram os sintomas. Uma gota de saliva expelida durante a tosse, espirro e até a fala é capaz de transmitir o Poliovírus.

Por isso, não pode descuidar. Não pode esquecer ou atrasar a vacina. A doença é séria e tem probabilidade de causar sequelas para o resto da vida. O período de encubação varia de 5 a 35 dias e os sintomas quando se manifestam surgem, em média, entre 5 e 10 dias após o contágio.

A poliomielite apresenta-se de três formas, com diferentes sintomas, níveis de gravidade e sequelas:

A forma abortiva é a mais leve e não deixa sequelas. Os sintomas, quando presentes, se confundem com a gripe podendo provocar também diarreia, vômitos e dor abdominal.

Na forma meningítica, apesar de também não provocar paralisia na pessoa infectada, em alguns casos, pode evoluir para epilepsia. O vírus atinge a meninge e os sintomas são os mesmos da forma abortiva acrescentando a rigidez e dor na nuca. É facilmente confundida com a meningite, porém, com evolução benigna, e recuperação espontânea em 10 dias.

A forma mais grave é a paralítica. Os vírus afetam as células nervosas e as fibras musculares, principalmente, dos membros inferiores e de forma assimétrica, ou seja, apenas um deles. O déficit motor surge subitamente e a paralisia se instala definitivamente na sequência descrita abaixo:

1. Espasmo muscular: hiperirritabilidade do músculo com contração das fibras musculares que não são controlados nem com o uso de grande força. Há existência de dor;

2. Perda do reflexo e da força do músculo afetado;

3. Paralisia;

4. O músculo atingido torna-se encurtado.

Sequelas da forma paralítica

• Paralisia de uma das pernas;

• Atrofia muscular;

• Dores nas articulações;

• Crescimento desigual da perna: com o encurtamento, o paciente tem dificuldade para andar pois não consegue encostar o calcanhar no chão;

O desequilíbrio e as deformidades musculoesqueléticas acarretam retardo no crescimento, escoliose, pé torto, osteoporose e pode provocar intolerância ao frio devido a transtornos circulatórios. Outros sintomas resultantes da paralisia incluem artrite degenerativa, tendinite, bursite e neuropatia compressiva.

Caso atinja os músculos da fala e da deglutição, o paciente terá acúmulo de secreções na boca e garganta, dificuldade para falar e engolir além de insuficiência respiratória.

Tratamento e cura

Na forma paralítica não existe cura. O tratamento consiste em fisioterapia para amenizar os efeitos das sequelas e visa o desenvolvimento de força dos músculos afetados e equilíbrio da postura.

Prevenção

Vacina oral Sabin (gotinha) ou vacina Salk injetável. Toda criança deve ser vacinada aos dois, quatro e seis meses de vida, e o reforço deverá ser feito aos 15 meses e 4 anos de vida. É fundamental a administração de 5 doses da vacina. Como medida preventiva, vacine seu filho também em todas as campanhas nacionais de vacinação. No Brasil a vacina contra poliomielite é oferecida rotineiramente e gratuitamente nos postos de saúde.

Medicina mitos e verdades. Médico pediatra: Dr. Claudio Schvartsman, Ministério da Saúde.