Malária: sintomas e mortes - a cada 2 minutos morre uma criança

Malária: sintomas e mortes - a cada 2 minutos morre uma criança

Como saber se estou com malária? Quais os sinais e sintomas da doença?
Se você foi picado pelo mosquito transmissor da malária, entre 10 a 15 dias, os sintomas começam a se manifestar. A princípio, é provável que você desconfie da gripe, pois os sintomas são parecidos. Você irá ter febre alta, além de calafrios, tremores, sudorese intensa, dor nas articulações e dor de cabeça de forma cíclica (vai e volta).

Antes desses sintomas se manifestarem, algumas pessoas sentem cansaço, falta de apetite, náuseas e vômitos, o que é bastante positivo, já que é um sinal mais expressivo para o paciente procurar ajuda média.

É fundamental o diagnóstico nas primeiras 24 horas, pois caso a doença evolua para forma grave pode ser fatal.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, todos os anos, 435 mil pessoas morrem em decorrência das complicações da malária. O número de pessoas atingidas pela doença também vem aumentando desde o ano de 2017, quando foi registrado 219 milhões de casos (em 90 países), contra 217 milhões em 2016, e 214 milhões de pessoas em 2105.

No Brasil, a grande parte dos casos de Malária está na região Amazônica, com o maior número de mortes. Acre, Amapá, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso também estão entre os estados com maior número de infectados.

É importante saber que malária pode ser evitada, prevenida e curável. Ela também não é contagiosa. Para ocorrer à transmissão é necessária a picada do mosquito do gênero Anopheles (mosquito prego fêmea), infectado pelo protozoário Plasmodium (parasita). Esse mosquito pica com mais frequência entre o anoitecer e amanhecer.

Por que a malária pode matar?

A malária é considerada uma infecção parasitária que afeta os glóbulos vermelhos do sangue. Assim que o mosquito pica a pessoa, os parasitas viajam até o fígado (local onde se multiplicam rapidamente), e invadem as células vermelhas do sangue - veja a ilustração. Quanto mais os parasitas se multiplicam, maior a chance de romperem a célula e se espalharem por toda a corrente sanguínea. Por isso a importância do diagnóstico rápido para paralisar a extensão desse ciclo mortal.

A diminuição dos glóbulos vermelhos provoca anemia. Já as mortes acontecem por consequência dos danos cerebrais e a outros órgãos vitais infectados pelos parasitas.

Quando a malária atinge o estágio grave, normalmente apresenta os seguintes sinais e sintomas:

• Prostração (grande debilidade);

Anemia grave;

• Dispneia (falta de ar) ou hiperventilação;

• Alteração da consciência;

• Pressão baixa (hipotensão) ou choque - ler artigo sobre tipos de choque;

• Hemorragias - ler artigo sobre hemorragia

• Convulsões - ler artigo sobre convulsão

Grupo de maior risco: a cada 2 minutos, uma criança com menos de 5 anos morre vítima da malária

Mais de 70% dos casos de mortes por malária acontece na faixa etária, abaixo dos 5 anos. Normalmente atinge o cérebro, sendo chamada de malária cerebral.

Pessoas com baixa imunidade que se deslocam para as áreas de surto também estão entre o grupo de maior risco de morte. Normalmente vários órgãos são afetados.

Os adultos saudáveis que vivem nas regiões mais atingidas são mais “protegidos”, pois, normalmente, já adquiriram imunidade parcial pelos anos de exposição. Portanto, dificilmente, são acometidos pela forma grave da doença e caso adquiram a infecção, pode ocorrer sem apresentar sintomas.

É possível o diagnóstico da malária apenas pelo exame físico ou necessita de exames laboratoriais?

Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados no sangue do paciente. O método adotado oficialmente no Brasil é a Gota espessa.

Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, o exame Gota espessa continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização. Quando executado adequadamente, é considerado padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica, após coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa). Desta forma é possível diferenciar a espécie de parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico.

A determinação da densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo paciente com malária, especialmente nos portadores de P. falciparum. Por meio desta técnica é possível detectar outros hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e microfilárias.

Apenas o exame clínico não é suficiente para o diagnóstico.

• Na fase inicial, principalmente na criança, a malária confunde-se com outras doenças infecciosas dos tratos respiratório, urinário e digestivo, quer de etiologia viral ou bacteriana.

• No período de febre intermitente, as principais doenças que se confundem com a malária são as infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses septicêmicas, leishmaniose visceral, endocardite bacteriana e as leucoses. Todas apresentam febre e, em geral, aumento do baço. Algumas delas apresentam anemia e aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia).

Como tratar a malária? Utiliza-se que tipo de remédios?

No geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de imediato.

O tratamento indicado depende de alguns fatores, como:
• Espécie do protozoário infectante;
• Idade do paciente;
• Condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde;
• A gravidade da doença.

IMPORTANTE: Quando realizado de maneira correta, o tratamento da malária garante a cura da doença.

Objetivos do tratamento contra a malária:

O diagnóstico oportuno seguido, imediatamente, de tratamento correto são os meios mais adequados para reduzir a gravidade e a letalidade por malária. O tratamento da malária visa atingir ao parasito em pontos-chave de seu ciclo evolutivo.

Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada uma delas agindo de forma específica para impedir o desenvolvimento do parasito no homem.

Os remédios apresentam pouco efeito colateral, baixo nível de toxidade e age rapidamente contra os parasitas. É aconselhável ingeri-los junto às refeições.

No caso da combinação de dois remédios, tais como, arteméter e lumefantrina, devem ser tomados junto com alimentos gordurosos. Caso surja icterícia durante o tratamento, a medicação primaquina deve ser suspensa.

O paciente deve completar o tratamento conforme a recomendação, mesmo que os sintomas desapareçam, pois a interrupção dos remédios pode levar a retorno da doença ou agravamento do quadro. Além disso, corre-se o risco de manter o ciclo de transmissão da doença permitindo que outras pessoas também adoeçam por malária.

Existe vacina contra a malária?

Não existe vacina contra a malária. Algumas substâncias capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e estudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios para a implantação da vacinação.

De que forma é possível prevenir a malária?

O controle do vetor, que é o mosquito, é a principal estratégia para reduzir a transmissão da malária, assim como o fornecimento de medicamentos para as infecções e medidas de prevenção coletiva.

A Organização Mundial da Saúde recomenda dormir sob mosquiteiros tratados com inseticida e pulverizar as paredes internas das residências também com inseticida.

Faça uso de repelentes, use roupas que protejam as pernas e braços e coloque telas em portas e janelas.

Algumas medidas de prevenção coletiva:

• Pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor;

• Limpeza das margens dos criadouros;

• Modificação do fluxo da água;

• Controle da vegetação aquática;

As medidas preventivas coletivas e de forma contínua são fundamentais para a interrupção dos locais onde há transmissões por parasitos da malária. Existem mais de 400 espécies diferentes do mosquito (Anapheles) e cerca de 30 são vetores em potencial da doença.

Cada espécie tem seu habitat aquático de preferência e por isso, existem variações entre as regiões. Referente aos parasitos, existe cinco espécies que causam malária em humanos, sendo que o P.falciparum predomina na África (99, 75 dos casos) e o P. vivax na região das Américas, representando 74, 1% dos casos de malária.

As fêmeas do mosquito depositam seus ovos na água, que eclodem em larvas e se desenvolvem até alcançar o estado de mosquito adulto.

A picada sempre é da fêmea, pois o sangue é o alimento que ela precisa para poder nutri seus ovos. O horário preferido é ao anoitecer e amanhecer.

A transmissão é mais intensa nos locais onde o tempo de vida do mosquito é mais longo, pois é desta forma o parasito ganha tempo de completar seu desenvolvimento no interior do mosquito.

Condições climáticas como períodos de chuvas, temperatura e umidade podem afetar o número e sobrevivência de mosquitos. Em muitos locais, a transmissão é sazonal, com pico durante e depois das estações de chuvas.

Além do ambiente, a intensidade da transmissão também depende de fatores relacionados ao parasito, vetor (mosquito) e a imunidade da pessoa picada (hospedeiro humano).

Fonte: Medicina Mitos e Verdades categoria de infectologia e doenças parasitária, Prof. Dr. Vicente Amato Neto, Ministério da Saúde, OMS/OPAS.