Inchaço após cirurgia plástica: quanto tempo dura?

Inchaço após cirurgia plástica: quanto tempo dura?

Quem não gostaria de fazer uma plástica e já sair do centro cirúrgico linda e arrasando? Caso sua expectativa seja essa, reconsidere seus planos no curto prazo. Todo procedimento cirúrgico exige paciência, e ao se olhar no espelho você poderá estar bem pior do que o seu “antes”.O inchaço é um evento comum no pós-operatório, o que muitas vezes, torna a imagem refletida quase que desfigurada.

Quanto tempo dura o inchaço após a cirurgia plástica?
A duração depende da região operada e dos tecidos envolvidos na cirurgia. Em geral, o edema mais visível permanece em torno de 3 semanas, sendo as primeiras 72 horas, as piores, em todos os casos.

Na rinoplastia (cirurgia no nariz), por exemplo, o inchaço pode mascarar o resultado final por vários meses, pois além dos tecidos e cartilagens, envolve também os ossos. Normalmente grande parte dos edemas desaparece no primeiro mês:
• Até 120 dias:80% do edema regride,
• Após seis meses: 95%,
• Um ano:97,5%,
• O resultado final é obtido entre 2 e 3 anos.

Na blefaroplastia (pálpebras), o inchaço é bem visível até as primeiras 72 horas (3º dia) quando atinge seu pico, para só depois começar a regredir. A evolução nesta região é mais rápida e na primeira semana já é possível ver os resultados.

O inchaço inicial e que assusta pela magnitude é chamado de edema inflamatório, causado pela reação do organismo imediatamente após a lesão. Toda vez que um tecido íntegro sofre uma agressão, seja de natureza infecciosa ou não, o tecido responde no sentido de restaurar a integridade perdida. Portanto, diferente do que você possa imaginar, é um processo inflamatório fisiológico considerado benéfico para o reparo dos tecidos. A cicatrização não aconteceria caso não existisse a inflamação.

Como se desenvolve o edema no pós-operatório?

O edema se forma pelo acúmulo de fluídos no espaço entre os tecidos (espaço intersticial) da região operada e é composto por: sais e proteínas do plasma (parte líquida do sangue), restos de soro fisiológico e secreções que sobraram ao redor da área operada.

O fluído do plasma (sangue) é fundamental para agregar plaquetas incorporando mais nutrientes e oxigênio aos tecidos afetados evitando a necrose (morte do tecido).

Este extravasamento do líquido para o espaço entre os tecidos ocorre pela vasodilatação, e favorece a entrada dos leucócitos na lesão ativando sua função de defesa.

O rubor e calor sentido na região é causado pela vasodilatação, responsável por um maior aporte de sangue para a região inflamada.

Este é o início e a primeira fase da etapa de cicatrização, chamada de fase inflamatória. Confira mais detalhes da formação do edema e das etapas de cicatrização na cirurgia plástica:

Fase inflamatória: começa no ato do trauma nos tecidos (pelo corte ou manipulação cirúrgica) e dura entre 48 e 72 horas.

• É caracterizada por um mecanismo de autodefesa para combater o ataque ao “agressor” (neste caso, o instrumento da cirurgia) e reconstituir o tecido lesado (conforme explicado acima).

• Após penetrarem nos tecidos, os neutrófilos tem vida curta (24 a 48 horas) para conseguir eliminar o agente infeccioso e células mortas.

• Tanto o calor na região, assim como o inchaço, indica que o corpo está respondendo de forma positiva na primeira fase do processo de cicatrização. A dor sentida durante o edema, às vezes, representa o líquido acumulado pressionando terminações nervosas.Portanto, o resultado de toda e qualquer inflamação aguda (até 72 horas) é a resolução e o reparo do tecido danificado.

• Entretanto, caso esta inflamação permaneça, ela se torna crônica e é considerada negativa. Nesta situação, o edema maior se mantém como sinal de complicações e, na existência micro-organismos (bactérias), poderá surgir á febre.

• O uso de medicamentos anti-inflamatório apenas justifica quando a inflamação deixa de ter função protetora e se tornar a causa da doença, com riscos, inclusive, de destruição dos tecidos. A inflamação crônica é o que acontece também nas doenças autoimunes e alérgicas.

Fase proliferativa: as fases se sobrepõem e se completam.

• Esta etapa se inicia, normalmente, no 4º dia, e se estende até 14º dia do pós-cirúrgico.

• Ocorre a reconstituição dos vasos sanguíneos e linfáticos que foram lesados pela agressão cirúrgica.

• Inicia-se a produção de colágeno devido a intensa migração celular, principalmente de queratinócitos, promovendo a reepitelização dos tecidos (epitélio nas bordas da ferida até preencher o espaço da cicatriz - fechamento da lesão).

• A cicatriz apresenta-se com aspecto vermelho.

Fase de maturação (remodelação): inicia-se por volta do 11º dia e dura até 40 dias do pós-operatório.

• Caracteriza-se pela reorganização e fortalecimento das fibras de colágeno.

• Quando a lesão se restringe a epiderme (camada mais superficial da pele), o tecido lesado é substituído por células do mesmo tecido, sem deixar cicatrizes aparente.

• Porém, quanto mais profunda for à lesão, o processo é mais delicado exigindo cuidados para evitar prejuízos estéticos e funcionais aos tecidos e a cicatriz. O sucesso de uma cirurgia plástica depende de um pós-operatório bem-feito. Siga a risca as orientações do seu médico.

É nesta fase que se forma a cicatriz, e a cautela é fundamental para não surgirem cicatrizes inestéticas com formação de queloide ou hipertrofia. As manifestações cicatriciais atípicas começam a surgir, normalmente, 30 dias após a lesão.

A cicatriz hipertrófica é elevada e com coloração rosa nas bordas da ferida. Podem causar coceira e dor.

A queloide tem aparência mais elevada que a hipertrófica e cor arroxeada podendo invadir os tecidos vizinhos.

O edema persistente e prolongado pode propiciar o desenvolvimento de seroma e fibrose.

A fibrose é uma cicatriza interna, que prende a pele ao músculo, deixando a aparência irregular e endurecida. É uma das implicações do manuseio da cânula da lipo, nas lipoaspirações.

O seroma é uma complicação que pode ocorrer após qualquer cirurgia. É caracterizada pelo excesso de líquido que fica retido próximo a cicatriz cirúrgica causando uma inflamação prolongada (inflamação ruim).

É mais frequente nos procedimentos de lipoaspiração ou abdominoplastia. Neste tipo de cirurgia que envolve a retirada de gordura, sobram muitos espaços vazios onde se acumulam líquidos (extravasamento de linfa ou soro ou mesmo decorrente do rompimento de vasos).

Pode ter início imediato nas primeiras 24 horas após a cirurgia, ou surgir do 7º ao 10º dia após o procedimento. É possível visualizá-lo pelo aumento do volume na região operada e a presença de líquido quando apalpada.

A drenagem linfática no pós-operatório ajuda a eliminar o líquido retido do procedimento cirúrgico (sangue, soro fisiológico e secreções) e diminui os riscos de seroma e fibrose.

A recomendação (a critério médico) é iniciar sessões de drenagem linfática após a primeira fase (etapa inflamatória) da cirurgia, ou seja, após 72 horas, quando o inchaço crítico não representa mais uma ação positiva do organismo. Também é indicada caso o edema inicial seja demasiado.

O inchaço visível do pós-operatório tende a diminuir até a 3ª semana da cirurgia, porém, o resultado com a forma final depende da região operada.

O que é a drenagem linfática?

A drenagem linfática imita o bombeamento natural do corpo, promovendo o aumento do volume e da velocidade da linfa a ser transportada pelos vasos e ductos linfáticos.

Ela pode ser realizada de forma manual ou mecânica. O profissional deve estar habilitado para surtir o efeito esperado.

É caracterizada por uma técnica de massagem, com manobras suaves, lentas e rítmicas que obedece o trajeto do sistema linfático superficial.

A drenagem linfática é benéfica apenas para o inchaço ou também ajuda no processo de cicatrização?

Em ambas as situações. Com a drenagem linfática é possível acelerar a cicatrização de lesões, em consequência da melhor irrigação sanguínea decorrente da diminuição do edema.

Benefícios da drenagem linfática:

• Reduz edemas e linfedemas (acúmulo de líquido linfático) que surgem no pós-operatório ou mesmo de distúrbios circulatórios venosos e linfáticos de outras naturezas,

• Favorece a eliminação de toxinas e metabólicos,

• Exerce influência direta no aumento da oxigenação dos tecidos (maior hidratação e nutrição celular).

E o gelo, ajuda a diminuir o inchaço?

O gelo sempre foi considerado um anti-inflamatório natural após contusões e lesões do esporte. Ele ajuda a diminuir a dor e evita grandes edemas já que tem ação de provocar a constrição dos vasos sanguíneos.

Na cirurgia plástica, o gelo não deve ser usado para não interferir no processo inflamatório importante na cicatrização. Os vasos sanguíneos se mantem fechados por várias horas após aplicação local do gelo e diminuiria o fluxo sanguíneo responsável por levar as células inflamatórias curativas para a lesão. Além disso, o gelo em contato com a pele poderá queimá-la, provocar danos aos nervos, ou morte dos tecidos.

O correto é fazer compressas com soro fisiológico frio (sem pressionar a região do corte) por 10 minutos para aliviar o desconforto do edema. O procedimento pode ser repetido várias vezes ao dia. Siga as orientações do seu médico. Só ele é capaz de dizer o que é melhor para o seu caso.

Conteúdo do site Medicina Mitos e verdades com a colaboração dos mais bem conceituados médicos do Brasil.

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