Bebê de proveta: como é feita a técnica de fertilização in vitro
Fertilização in vitro significa a fecundação do óvulo pelo espermatozoide em laboratório por isso o nome in vitro. Também é daí que surge o nome bebê de proveta representando o óvulo fecundado em laboratório, ou seja, fora do corpo da mulher. Esta é uma das técnicas usadas para o tratamento de infertilidade, principalmente quando a causa é a feminina. Não confundir fertilização in vitro com inseminação artificial.
Inseminação artificial é outro procedimento e bem mais simples pois neste caso apenas os espermatozoides são separados em laboratório e depois inseridos no útero da mulher no dia da ovulação. São várias as técnicas para o tratamento da infertilidade, tanto masculina como feminina.
Especialistas em caso de infertilidade masculina e feminina, os renomados médicos Dra. Mariangela Maluf e Dr. Paulo Perin do Centro Especializado em Reprodução Humana explicam neste artigo a técnica de Fertilização in vitro.
Como é feita a Fertilização in vitro?
Grande marco da medicina reprodutiva no final dos anos 70, hoje a fertilização in vitro é uma das técnicas mais utilizadas no tratamento de uma vasta gama de problemas de infertilidade, especialmente os relacionados aos fatores femininos. Na fertilização in vitro, a fecundação do óvulo pelo espermatozoide não ocorre no corpo da mulher, mas em uma placa, no laboratório. Vários protocolos têm sido realizados desde o surgimento da fertilização in vitro, trazendo uma série de variações, como o uso de determinados medicamentos em doses diferenciadas, adaptando o uso da técnica a cada caso de infertilidade.
Veja as etapas da fertilização in vitro:
1. Estímulo para os ovários: estimulação ovariana com os hormônios folículo-estimulante (FSH) e/ou luteinizante (LH) para fazer crescer um número maior de óvulos. Em seguida, outro hormônio, a gonadotrofina coriônica humana, atua para a maturação dos óvulos.
2. Aspiração e seleção dos óvulos: quando estão maduros, todos os folículos disponíveis são coletados por aspiração com o uso da ultra-sonografia como guia. O procedimento é rápido e indolor e, em geral, são aspirados de 7 a 15 óvulos. Os melhores gametas são selecionados para a fecundação.
3. Fertilização: enquanto os óvulos passam um curto período “incubados”, é solicitada uma amostra de sêmen ao futuro pai no dia do procedimento. O material, então, é tratado no laboratório com o objetivo de potencializar a ação dos espermatozoides. Óvulos e espermatozoides se encontram em um recipiente especial para a fecundação natural e formação dos embriões.
4. Maturação: os embriões são colocados em uma incubadora que simula o ambiente da tuba uterina até se dividirem em oito células ou mais. Essa fase leva por volta de 72 horas e pode se estender até 120 horas, caso seja necessária a realização de biópsia embrionária.
5. Transferência para o útero: os embriões são selecionados de acordo com alguns fatores que indicam sua qualidade: devem ter, no mínimo, entre seis e oito células simétricas, não apresentar fragmentos e estar envolvidos por uma zona pelúcida fina. Os melhores embriões são transferidos para o útero, em um número que varia de um a quatro de acordo com a idade materna e as chances de gravidez.
O que é a terapia hormonal?
Na ovulação natural, apenas um folículo amadurece, liberando um óvulo. Com o estímulo de medicamentos, a atividade ovariana é aumentada com a intenção de disponibilizar vários óvulos para a fecundação e preparar o útero para receber o embrião. O uso de hormônios é indicado no caso de ovulações irregulares e como parte do processo de fertilização in vitro.
Os medicamentos usados para tratar infertilidade causam efeitos colaterais?
Normalmente as drogas utilizadas no tratamento da infertilidade não causam efeitos colaterais relevantes. Algumas pacientes costumam relatar mudanças de humor, cansaço e dores musculares.
No caso de uso de medicamentos para estimulação ovariana, em uma porcentagem pequena dos ciclos (de 1 a 3%) pode ocorrer a síndrome da hiperestimulação ovariana severa, uma resposta exacerbada a medicação, mais comum entre mulheres jovens e com ovários policísticos.
Uma vez detectado o risco de desenvolver a síndrome, é preciso interromper a medicação e cancelar o ciclo antes da ovulação, geralmente induzida por uma injeção do hormônio gonadotrofina coriônica humana.
Interrompido o tratamento, a paciente tende a se recuperar bem, os ovários voltam ao estado normal e é possível iniciar outro tratamento (adequado ao caso) após um ou dois meses.
Quando o uso dos medicamentos não é suspenso, há risco de morte para as mulheres, que podem sofrer de tromboembolismo, acúmulo de líquido na região abdominal, na pleura e no pericárdio (as membranas que “revestem” os pulmões e o coração). Os sintomas da síndrome são dores e inchaço abdominais, além de enjoos.
Quais as chances de gravidez pela técnica de fertilização in vitro ?
A Organização Mundial de Saúde define que a gravidez deve ocorrer em até um ano, em casais com vida sexual regular e que não estejam usando nenhum método anticoncepcional. Pelo método natural, as chances da gravidez espontânea acontecer a cada ciclo menstrual, é de 30%. Não ocorrendo a gravidez, passa a existir a possibilidade de haver algum problema, e um especialista deve ser procurado. Não esquecendo que com o avançar da idade feminina, as chances de gravidez espontânea vão diminuído. A partir dos 40 anos, este número cai entre 5 a 10%. Com os vários tratamentos contra a infertilidade, as chances de gestação superam as da concepção natural (30% ao ano).
No Centro Especializado em Reprodução Humana (CEERH) obtivemos os seguintes dados de sucesso na primeira tentativa de fertilização in vitro:
• Até 35 anos: 55% de sucesso
• Dos 35 aos 39 anos: 37% de sucesso
• Mulheres acima de 40 anos: 23%
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Fonte: Dra. Mariangela Maluf e Dr. Paulo Perin: especialistas em Reprodução Humana pelo serviço do Dr. Charles E. Miller, MD, The Center for Advanced Reproduction Hospital Lutheran General, em Park Ridge, Estados Unidos, com ênfase nos aspectos clínicos e laboratoriais da fertilização in vitro e transferência de embriões e ganhadores de 13 prêmios científicos nacionais.
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