O real perigo de pedras na vesícula: cálculo da vesícula

O real perigo de pedras na vesícula: cálculo da vesícula

Neste artigo você irá esclarecer todas as suas dúvidas sobre os riscos, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento do cálculo da vesícula e ainda: Por que as dores são violentas? Os cálculos vesicular são perigosos? Quais os tamanhos das pedras? É possível viver sem a vesícula? Depois de eliminadas, as pedras podem surgir novamente? Confira as respostas do Prof. Dr. Luiz Chehter, gastroenterologista do site Medicina Mitos e Verdades.

Onde fica a vesícula e qual a sua função?

A vesícula, chamada tecnicamente de vesícula biliar, é um órgão localizado abaixo do fígado e mede cerca de 7 a 10 cm -ver ilustração. Tem a função de armazenar a bile que é produzida no fígado e através de um ducto (canal) transportá-la até o intestino. A bile (ou bílis) é uma substância que ajuda na digestão dos alimentos gordurosos.

Por que se formam pedras na vesícula?

A bile é formada por sais biliares e outras substâncias, entre as quais, o colesterol e pigmentos. Os cálculos na vesícula aparecem quando há um aumento do colesterol ou diminuição dos sais biliares na bile, tornando a mesma instável e permitindo, assim, a formação de cálculos de colesterol (colelitíase) conhecida popularmente como pedras na vesícula”. A formação das pedras podem levar de meses até anos. Nesta condição a vesícula não consegue mais liberar adequadamente a bile para o intestino.(clique para ler o artigo sobre colesterol)

Por que o paciente sente fortes dores quando tem pedras na vesícula? A dor é sinal de maior gravidade?

• Boa parte dos cálculos na vesícula pode apresentar-se por muito tempo sem sintomas.

• Outras vezes, o paciente pode ter apenas sintomas leves como enjoo e dificuldade de digestão depois de comer alimentos gordurosos.

• Entretanto, os cálculos podem obstruir a via de saída da vesícula biliar (veja ilustração), repentinamente, causando forte dor na região abdominal abaixo das costelas, à direita, com ou sem irradiação para ombro direito e, às vezes, até para o ombro esquerdo (quadro de cólica biliar). Também pode ocorrer inflamação da vesícula chamada de colecistite aguda.

De maior gravidade (maior letalidade) é a condição em que os cálculos migram e obstruem vias de saída da bile ou da secreção pancreática, colédoco ou papila duodenal (canal do pâncreas), também provocando pancreatite aguda que exige hospitalização - clique no link azul e leia o artigo sobre pancreatite.

Quais os tamanhos das pedras e quantas delas podem existir na vesícula do paciente?

Isso varia muito. As pedras podem ter desde 1 mm (tamanho de um grão de areia) até 15 cm. Tem pacientes que podem ter apenas uma pedra enquanto outros podem ter mais de 1000. Cerca de 15% da população desenvolve pedras na vesícula ao longo da vida, e algumas pessoas nem sabem de sua existência pois não chegam apresentar sintomas.

Existe um fator genético ou alguma condição que propicie o surgimento de cálculos na vesícula?

Várias são as causas de cálculos na vesícula. O fator genético também é importante, talvez, devido há um desequilíbrio enzimático. Nos Estados Unidos existe uma tribo (os índios puma) na qual as crianças já tem calculose biliar. Verificou-se que neles existe, geneticamente, um aumento de uma enzima mediadora da síntese do colesterol, e uma diminuição de enzima limitante da síntese dos ácidos biliares.

Há também um grupo de pessoas que têm maior incidência em desenvolver pedras na vesícula, são elas:

• Obesos;

• Mulher na menopausa;

• Grávidas multíparas (várias gestações);

• Mulheres que usam anticoncepcional por muitos anos;

• Pacientes com patologias que causam diarreias constantes;

• Portadores de doença de Crohn;

•Pacientes que necessitaram retirar o íleo terminal (última parte do intestino delgado);

•Pessoas com fibrose cística do pâncreas devido a diminuição do pool de ácidos biliares;

• Pessoas que se alimentam com dieta rica em gorduras, hidratos de carbono e poucas fibras;

• Existem também cálculos pigmentares, resultantes de infestações biliares pelos parasitas Clonorchis sinnesisis e Ascaris lumbricoides (a lombriga), caso atinjam a vesícula - clique no link azul e leia o artigo sobre vermes no intestino.

Como aliviar a cólica causada pelas pedras na vesícula? Qual o tratamento?

Na ocorrência de cólica biliar, há a necessidade de se administrar analgésico por via intravenosa (pela veia).

No caso da colecistite, administra-se antibiótico até "esfriar" o processo ou decide-se por cirurgia de urgência.

A endoscopia da via biliar pode ajudar na remoção de cálculos, mas o tratamento é sempre cirúrgico e, preferencialmente, por via laparoscópica.

Qualquer pessoa pode se submeter a cirurgia para retirada da vesícula?

Nos casos que não é possível realizar a cirurgia, por exemplo, pela idade ou doenças graves associadas, ou nos casos em que a doença não apresenta sintomas, pode-se tentar o tratamento com medicamentos. Esta condição só é possível para dissolver cálculos de colesterol puro.

Quando existem pigmentos ou cálcio, o tratamento via drogas não é suficiente para dissolver o cálculo.

O tratamento clínico é bem demorado (6 a 18 meses), além de ser muito mais dispendioso do que uma cirurgia laparoscópica.

Existe outras formas de tratamento?

Outra modalidade terapêutica da vesícula é a litotripsia extracorpórea por ondas de choque de origem ultrassonográfica, por raio laser, eletro-hidráulica, ou por ondas piezoelétricas. Entretanto, este método já não é muito aceito, pois após a litotripsia, o cálculo pode migrar para o coledoco (canal que liga a vesícula ao duodeno), levando o paciente à cirurgia de urgência. Outro problema deste método é que permite a recidivas importantes do quadro (retorno dos cálculos).

Quais as consequências para o paciente? Pode-se viver sem a vesícula?

A grande maioria dos indivíduos operados de vesícula (colecistectomizados - que retiraram a vesícula) nada sentem e podem, inclusive, levar uma vida absolutamente normal e outros órgãos como o fígado e estômago passam a exercer a função da vesícula.Complicações após o pós-operatório seria a diarreia, que tende, gradativamente, a desaparecer.

Entretanto, aqueles indivíduos com síndrome de cólon irritável e que apresentam diarreia crônica, têm uma piora no quadro da diarreia, após a retirada da vesícula.

Já os pacientes com crises de coleciste aguda e inflamação da vesícula, que não se submetem a cirurgia, correrão o risco de ter, após alguns anos, câncer na vesícula.

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