Massa branca dentro do olho

Massa branca dentro do olho

Por que algumas pessoas apresentam uma pequena membrana branca que recobre determinada parte do olho? O que é isto e como tratar?
Isto se chama pterígio - uma membrana fibrovascular que cresce na conjuntiva (parte transparente que recobre a parte branca do olho) em direção à córnea (parte transparente que recobre a parte colorida do olho). Ocorre normalmente na região do olho perto do nariz, mas pode aparecer também na lateral da córnea.

O pterígio é grave? Pode virar câncer?

Quando não provoca sintomas ao paciente, não deve ser tratado porque normalmente se estabiliza e a chance de virar um câncer é raríssima.

O pterígio pode alterar a córnea?

A córnea é uma estrutura curva e transparente localizada na porção anterior do globo ocular (na superfície do olho). Quando a córnea é normal, não apresenta vasos sanguíneos nem opacidades, permitindo a passagem de luz através dela.

Nos casos de pterígio, a membrana que invade a córnea, contem vasos sanguíneos e tecido fibroso (fibras de colágeno). Assim, o crescimento do pterígio poderá prejudicar a visão por acarretar:

1) perda da transparência da córnea (o que se chama leucoma);

2) distorção da curvatura corneana (o que se chama astigmatismo).

Quais são os sintomas do pterígio?

Além de poder prejudicar a visão, o pterígio frequentemente causa ardência, prurido (coceira), sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, fotofobia (desconforto com a luminosidade) e hiperemia ocular (olhos vermelhos).

Quais são as causas do pterígio?

O aparecimento do pterígio pode estar relacionado com fatores genéticos (herança dos pais) e com fatores ambientais. Dos fatores ambientais, a exposição solar, o vento e a poeira parecem favorecer o aparecimento do pterígio. Em alguns casos, o surgimento desta membrana fibro-vascular ocorre devido a um traumatismo na superfície ocular. Nestes casos a membrana costuma ser chamada de pseudo-pterígio, já que, na verdade, é uma reação da conjuntiva adjacente ao trauma.

Como o pterígio se desenvolve? Ele pode recobrir o olho todo?

O pterígio costuma progredir lentamente, ao longo de semanas, meses e anos, invadindo a superfície da córnea. Algumas vezes, a progressão pode ser mais rápida, prejudicando a visão e gerando desconforto ao paciente. Em outros casos, depois de crescer por algum tempo, o pterígio se estabiliza, podendo ficar com tamanho inalterado durante anos.

Qual é o tratamento do pterígio?

Os sintomas de ardência e hiperemia ocular podem ser aliviados com o uso de colírios, como os lubrificantes oculares, por exemplo. Porém, o uso de colírios não é capaz de produzir uma regressão do pterígio.

Quando se opta pela cirurgia?

A indicação cirúrgica existe apenas quando houver incômodos ( sintomas como ardor, vermelhidão, incomodo com luz, etc.), ou quando o crescimento do pterígio atingir a parte mais central da córnea, interferindo na visão ou incomodando muito a estética do paciente, conforme a ilustração acima. Quando necessário, o tratamento é a remoção com cirurgia, e mesmo com as técnicas mais modernas o pterígio pode voltar a aparecer.

Como é a cirurgia do pterígio?

Existem diversas técnicas cirúrgicas disponíveis para tratar o pterígio. Nos casos de pterígios que nunca foram operados, a técnica mais recomendada consiste em retirar a lesão (e o tecido fibroso adjacente) e realizar um transplante de conjuntiva. O transplante de conjuntiva visa recobrir o local da lesão, diminuindo o risco de recorrência (retorno do pterígio).

O pterígio não cura com a cirurgia?

O pterígio pode voltar, algum tempo depois da cirurgia, o que se chama de recorrência. O que sabemos, atualmente, é que, existem técnicas cirúrgicas melhores, capazes de diminuir muito o risco de recorrência. Assim, por exemplo, uma cirurgia bem feita, com transplante de conjuntiva, apresenta um risco de recorrência bem menor do que uma cirurgia simples, sem o transplante de conjuntiva. Além disto, pterígios que já foram operados mais de uma vez apresentam maior risco de recorrência.

E nos casos mais avançados, como é a cirurgia?

Casos mais avançados ou já operados anteriormente apresentam maior risco de recorrência. Por isso, nestes casos, às vezes, temos que realizar uma cirurgia mais complexa, envolvendo outros recursos, além do transplante de conjuntiva. Um destes recursos consiste na aplicação de medicações anti-mitóticas durante a cirurgia, como a mitomicina C. A mitomicina C inibe a proliferação dos fibroblastos e de outras linhagens celulares, diminuindo, assim, a recorrência do pterígio.

Outra possibilidade é o uso de membrana amniótica especialmente preparada para tratar a superfície ocular. Esta membrana apresenta propriedades anti-inflamatórias, ajudando no processo de recuperação no pós-operatório. Além destes recursos adicionais, cirurgias mais complexas também envolvem maior atenção do cirurgião ao retirar o tecido fibroso, a fim de reconstituir a superfície ocular da melhor maneira possível.

Precisa ficar internado?

Normalmente, não há necessidade do paciente ficar internado após a cirurgia. Assim, a cirurgia é considerada ambulatorial, pois o paciente retorna para a sua casa após a cirurgia.

Prof. Dr. Luciano P. Bellini é médico Oftalmologista

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