Câncer e alimentação

Câncer e alimentação

O câncer, além do componente genético, é regido por fatores ambientais, ocupacionais e nutricionais. “O oriental, por exemplo, tem alta incidência de câncer no estômago, relacionada ao hábito alimentar, por consumir em demasia alimentos defumados, que contém altos níveis de sal. Entretanto, o oriental que migrou para os Estados Unidos mudando os hábitos alimentares, com dieta rica em gordura e pobre em fibras, por exemplo, passa a ter maior incidência de câncer no intestino, ao invés de câncer no estômago”, explica o médico Rene Gansl, autor do capítulo de oncologia do livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel).

Os alimentos são essenciais para a vida. Eles nos fornecem nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, ajudam a evitar a perda de peso, prevenir e combater infecções e recuperar tecidos. É importante que pacientes oncológicos tenham uma alimentação equilibrada e orientada pelo médico e nutricionista para suportar melhor os efeitos colaterais do tratamento a que está sendo submetido, como quimioterapia, radioterapia, cirurgia ou outros. Veja a seguir as principais dúvidas sobre alimentação dos pacientes oncológicos.

O açúcar deve ser excluído da alimentação de pacientes com câncer

Mito. Esta crença está baseada no metabolismo das células tumorais que destroem reservas musculares e gordurosas na tentativa de produzir mais "açúcar" e se "alimentar". Baseado nisso fica fácil pensar: se evitássemos o consumo do açúcar, o tumor pararia de crescer, certo? Errado, diz a nutricionista Thais Cardenas, do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC).

Normalmente chamamos de açucares os carboidratos e não apenas o açúcar que usamos para adoçar sucos e fazer doces. O carboidrato é a principal fonte de energia da nossa alimentação e pacientes com câncer tem mais chances de perder peso o que prejudica uma resposta positiva ao tratamento. O consumo de carboidratos não deve ser cortado do paciente com câncer e é importante o acompanhamento de uma nutricionista para avaliar a qualidade e quantidade do consumo de carboidratos.

A graviola mata as células cancerígenas

Mito. Existem alguns estudos que sugerem que a graviola possui substâncias fitoquímicas que destroem as células cancerígenas, porém, os estudos existentes não são em humanos e as afirmações são inconclusivas quando nos referimos à s quantidades necessárias para que as respostas obtidas em estudos experimentais levem a resultados positivos.

Outro ponto importante: esses estudos disponíveis não foram feitos com a fruta in natura e nem com o chá da folha, como é divulgado constantemente. As suposições são baseadas na substância chamada acetogenina, o “princípio ativo” mais estudado da graviola.

Por isso, devemos ter cautela ao afirmar que determinados alimentos possuem isoladamente o poder ‘curativo’ do câncer, pois ainda não somos capazes de recomendar quais as quantidades da fruta in natura e, muito menos, as melhores formas de prepará-la, para que os potenciais benefícios sejam mantidos.

Paciente com câncer deve evitar carne vermelha

Depende. Aqui entra a questão da quantidade e da maneira que se prepara a carne.

Essa dúvida é frequente durante o tratamento do câncer. Estudos mostram que não é necessário tirar totalmente a carne vermelha da dieta, e sim consumi-la sem exageros. O consumo médio recomendado, por semana, é de até 300 gramas de carne cozida, o que equivale a 400 gramas dela crua (em medidas caseiras seriam, aproximadamente, três bifes de tamanho médio ou 10 colheres de sopa de carne moída).

É importante lembrar que a escolha por carnes magras (patinho, maminha, músculo, lagarto, coxão duro e coxão mole) e o método do cozimento (assar, grelhar ou fritar) também são determinantes para o aproveitamento dos benefícios, já que todos os alimentos de origem animal são ricos em gordura saturada (gordura que eleva os níveis de LDL, que é o colesterol ruim no sangue).

Mas por que devemos prestar atenção no método de preparo? A fritura e defumação podem elevar a quantidade de gordura na sua preparação e também, quando a carne fica muito torrada ou com aqueles pretinhos do churrasco, existe a chance de desencadear a formação da acroleína, uma substância que, se consumida em excesso, pode ter ação cancerígena.

Uma observação complementar: pacientes com câncer de estômago costumam sentir repulsa por carne.

Qual é a alimentação indicada para o paciente com câncer?

Não só para pacientes com câncer, mas de uma forma geral, uma alimentação equilibrada é composta por alimentos variados, que devem ser incluídos em cada refeição, pois desempenham funções diferentes e vitais para o organismo. São os alimentos construtores, energéticos e reguladores. É claro que algumas patologias deverão ter ajustes em determinados alimentos ou mesmo nutrientes, mas deve ser realizado por um profissional, a fim de não provocar deficiências nutricionais.

Alimentos construtores: são ricos em proteínas, que, por sua vez, estão envolvidas na formação de músculos, pele e demais tecidos do corpo humano e ajudam na cicatrização e defesa do organismo contra infecções. Os alimentos ricos em proteínas são: carnes, ovos, leite e derivados e leguminosas (feijão, soja, ervilha, lentilha, grão de bico).

Alimentos energéticos: os carboidratos fornecem energia para o organismo executar tarefas como andar, trabalhar, brincar. São encontrados em alimentos como açúcar, massas, farinhas, arroz, batata, mandioca. As gorduras também são utilizadas como fonte de energia, além da produção de hormônios e absorção de vitaminas. São encontradas em óleos, margarinas, manteiga, banha, creme de leite.

Alimentos reguladores: os sais minerais, vitaminas e fibras são classificados nesse grupo e estão presentes em reações químicas do nosso organismo, como formação de ossos e tecidos, crescimento e funcionamento intestinal. Os alimentos fontes destes nutrientes são as frutas, verduras e legumes, sendo ricos também em água, essencial para o corpo, já que participa do transporte e digestão de nutrientes, eliminação de resíduos e manutenção da temperatura corporal, entre muitas outras funções.

Fonte: Conteúdo do livro MEDICINA - MITOS & VERDADES (Carla Leonel ) Capítulo de oncologia. Médico responsável Dr. Rene Gansl (Médico oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein). Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC).

Palavras em azul são links que te direcionam ao assunto em questão. Clique nelas para ler. Veja também artigos relacionados:
Sintomas do câncer
Velocidade de crescimento do tumor
Diferença do tumor benigno e maligno
Câncer e a gravidez
Tumor benigno pode se tornar maligno?