Água no joelho significa derrame na articulação

Água no joelho significa derrame na articulação

O que significa o termo popular água no joelho?
O joelho é a maior articulação do corpo humano. Como a maioria das articulações, o joelho é formado por um tecido um pouco menos duro que o osso (chamado de cartilagem), uma membrana envolvente (denominada membrana sinovial) e um revestimento mais externo (chamado de cápsula articular).

A membrana sinovial tem vasos sanguíneos que produzem um líquido filtrado do sangue, denominado líquido sinovial, o qual “lubrifica” a articulação e nutre a cartilagem. Normalmente, este líquido é produzido em pequenas quantidades, sendo que no joelho não passa de 3 a 4 mililitros. No derrame articular pode chegar até 100 mililitros provocando dor e desconforto na articulação do joelho.

Após um trauma forte por queda ou durante um ato esportivo (futebol, basquete etc.), os vasos sanguíneos da membrana sinovial sofrem um aumento de permeabilidade e produzem um excesso de líquido sinovial que dilata a cápsula sinovial, causando inchaço (edema) e dor local - veja a imagem acima.

O aumento de líquido no espaço articular chama-se derrame articular, popularmente conhecido como água no joelho.

O que fazer após um trauma para proteger o joelho do derrame e evitar o inchaço?

No momento do trauma é colocado gelo na superfície do joelho, na tentativa de causar uma constrição (contração) dos vasos sanguíneos e impedir o inchaço da articulação.

Se o trauma for suficientemente forte, o derrame articular pode ser sanguinolento e o médico pode ter de fazer uma punção articular com agulha para retirada do líquido, alívio da dor e melhora dos movimentos. Nestes casos, o joelho deve ser imobilizado por algum tempo e medidas fisioterápicas iniciadas para a rápida resolução da lesão local e o restabelecimento sem dano articular.

Além de traumas quais outras situações ou doenças podem desencadear um derrame na articulação?

Além das situações de trauma no joelho, várias doenças reumatológicas podem causar acúmulo de líquido sinovial no joelho como as artrites, sinovites, artrose, gota, hemofilia, e mais 30 causas descritas.

Dentre elas, envolve condições que vão desde uma infecção intestinal por salmonelose, parasitas intestinais até infecção genitourinária como a gonorreia, sendo chamadas nestes casos de artrites reativas.

Quanto maior a inflamação, maior a probabilidade de aumentar a produção local deste líquido. Grandes volumes podem ser encontrados na artrite reumatoide, na artrite reativa, na artrite infecciosa e na gota.

Como é feito o diagnóstico pelo líquido sinovial?

O médico pode retirar o líquido por uma punção local e solicitar sua análise em um laboratório. São analisados o aspecto, a viscosidade, o número de células e a presença de cristais e de bactérias.Outros exames podem ser pedidos, dependendo da suspeita diagnóstica.

O aspecto do líquido inflamatório pode variar de acordo com a doença de base que o ocasionou:

• Na artrite reumatoide e na artrite reativa: o líquido, geralmente, é amarelado;

• Na gota e na artrite infecciosa: o líquido pode adquirir aspecto esbranquiçado e leitoso, devido a um grande aumento de células brancas;

• Na artrose (osteoartrose), a inflamação é pequena: o líquido pode ser incolor e semelhante ao líquido normal.

Qual o tratamento do derrame articular?

O tratamento depende da doença de base que causou o derrame articular. Geralmente, imobilização e repouso são utilizados na fase mais aguda da doença. Anti-inflamatórios e fisioterapia são utilizados na maioria dos casos.

Algumas vezes, há necessidade de punção articular com retirada do líquido em excesso, seguida de infiltração local com corticoides (cortisona).

Nos casos de artrite infecciosa, a introdução de antibióticos deve ser feita com a maior brevidade possível.

Este conteúdo é exclusivo do capítulo de Reumatologia do site e livro Medicina Mitos e Verdades (Carla Leonel). Médico responsável Prof. Dr. Cristiano Zerbini, Coordenador do Núcleo Avançado de Reumatologia do Hospital Sírio Libanês e Diretor do Centro Paulista de Investigações Clínicas.

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